domingo, junho 29, 2008

Y viva España!

Saludo España por su segundo triunfo en la copa europea, 44 años despues. «La roja» fué, sin duda, la mejor selección en Euro 2008. Y viva España!

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sexta-feira, junho 27, 2008

Justiça esmurrada

Não sou dos que defendem uma regressão indeterminada de causas para explicarem os fenómenos que se vão insinuando na espuma dos dias, nem partilho a visão simplista e redutora dos que atribuem uma ou duas causas para explicarem um facto ou acontecimento. Mas ver que, como ocorreu em Santa Maria da Feira, já nem os magistrados escapam a agressões, em pleno tribunal - que presumo ser um espaço com permanente presença policial -, suscita reservas à efectiva autoridade do Estado e à segurança de pessoas e bens. E não foi um caso isolado, mas mais uma andorinha a esvoaçar num bando que se avoluma nesta Primavera lusa.
Embora a culpa de tal gravoso contexto não seja do aquecimento global, o clima social em Portugal afigura-se tão problemático como o clima ambiental, degradando-se, a cada mês que passa, a confiança recíproca entre os cidadãos, agravada sobretudo por razões económicas (subida do custo de vida, desemprego, extrema precariedade e flexibilidade laborais, etc.) e políticas (insensibilidade social, manutenção das condições assimétricas de distribuição de benefícios e privilégios, etc.). Ora, a recente agressão a dois juízes é uma ponta de um icebergue que faz de Portugal um Titanic iminente, tal é a crescente instabilidade social, em grande medida provocada pela incompetência do Governo, promotor de laxismos, facilitismos, negligências e impunidades nos diversos sectores de que se faz um país organizado.
Os telejornais são um desfile de confrangedoras desgraças, reagindo o poder com um pouco envergonhado assobiar para o ar. Talvez o panorama se invertesse se os insolentes agressores e violadores da ordem pública se lembrassem de descarregar o fel sobre os tubarões mandantes e, claro, estes se lembrassem de dispensar os seus robustos e omnipresentes guarda-costas. Entretanto, paga o justo pelo pecador - ou não estivesse a justiça... esmurrada!

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terça-feira, junho 24, 2008

A vergonha zimbabueana

Os factos que têm pautado o aparente processo eleitoral em curso no Zimbabué são uma prova insofismável do desconcerto persistente da ordem mundial. Perante tantos e tão flagrantes atropelos à ética democrática naquele - e noutros - países africanos, a comunidade internacional assobia para o lado e, com isso, branqueia e dá cobertura a um regime ditatorial hediondo. Abjectamente limitado nos seus movimentos e temendo pela sua vida, Morgan Tsvangirai, o líder do MDC e da oposição zimbabueana, viu-se obrigado a refugiar-se na embaixada holandesa em Harare e a renunciar à participação nas eleições, com isso materializando os intentos maquiavélicos do pérfido Robert Mugabe. Antes, Tsvangirai foi arbitrariamente detido várias vezes; muitos militantes do MDC têm sido assassinados; e Mugabe reitera com insolência que nunca sairá do poder, quaisquer que sejam os (previsíveis!) resultados eleitorais... A tudo isto, assiste-se ao cómodo silêncio e cobarde passividade da Organização da Unidade Africana, da ONU, da UE, da justiceira América de Bush (o Zimbabué não será, seguramente, rico em petróleo) e até da própria, embora inócua, CPLP - a vergonha zimbabueana não deixa de ser a vergonha da hipocrisia mundial.
África terá sido o berço da humanidade, mas nunca deixou de ser, a vários títulos, um cemitério!

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segunda-feira, junho 23, 2008

O novo velho PSD

Voltaram a baralhar-se as cartas e voltou tudo a ser como dantes, na mais fiel ressonância laranja do cavaquismo. E, ontem, no seu discurso de tomada de posse como presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite revelou ser sua ideia-chave de acção política poupar nos investimentos públicos supérfluos (claro, não revelou quais), em curso ou projectados, e centrar antes a atenção na sobrecarregada e exaurida classe média e nos mais pobres. Quem diria que esta «dama de ferro» em versão lusa se iria comover com os desfavorecidos, tendo ela, num passado ainda recente, feito do combate ao défice a razão motriz da sua praxis governativa: não só fracassou nesse desiderato como é um dos principais responsáveis do estado actual de degradação social que se vive em Portugal e de que oportunisticamente mostra um súbito lamento condoído.
Portanto, soa cinicamente a falso tudo o que agora Ferreira Leite assevera e censura, nas linhas e nas entrelinhas. E que dizer dos novos acólitos da neófita liderança, impolutos barões surgidos de uma cómoda penumbra de inactivismo, dada a proximidade de eleições e na perspectiva de o partido reocupar em breve o poder?
Mas Sócrates é um digno discípulo e sucessor da nova líder laranja, ao ponto de há meses Passos Coelho andar a solicitar-lhe que esclareça o que a distingue do PS. Ferreira Leite debita hoje a mesma retórica conveniente de Sócrates até 2005: na oposição, reivindicam os partidos do centrão, com piedade cristã, mais justiça social e equidade na repartição dos bens, que rapidamente olvidam e espezinham mal se alojam no poder, fazendo tábua rasa das preocupações sociais apregoadas na oposição.
O «socratismo», que nos vai contaminando a vida e consumindo a carteira, secou a direita, ocupando o espaço ideológico de actuação do PSD e do CDS ao desmantelar impiedosamente o Estado social. Com Sócrates ou Ferreira Leite - e demagogias de circunstância à parte -, o futuro próximo de Portugal afigura-se continuar negro: as assimetrias sociais aprofundar-se-ão (veja-se o que se passa no Trabalho, na Educação, na Saúde ou na Justiça), a proletarização da classe média consolidar-se-á e a alternativa entre pobres e ricos converter-se-á na dicotomia entre pobres e muito ricos.
Pena que PS e PSD não nos (des)governem quando estão... na oposição!

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sábado, junho 21, 2008

Legendar o silêncio icónico (84)

Finalmente é Verão e aproximam-se as férias!
(Vá para fora, cá dentro!)

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sexta-feira, junho 20, 2008

Primum vivere deinde philosophare - 85

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quinta-feira, junho 19, 2008

Portugal 2 - Alemanha 3

Acabou mais um sonho em ser campeão europeu, acordados que fomos pelo knock out alemão e falhando uma vez mais nos momentos decisivos: foi uma selecção que não funcionou, esteve sem chama e descoordenada, mesmo jogando frente a uma Alemanha desgastada fisicamente (jogaram na 2ª feira) e órfã de Frings, que precisou apenas de 26 minutos para marcar dois golos, beneficiando de uma incrível passividade defensiva lusa (que mal esteve Paulo Ferreira, batido sempre por Schweinsteigger, talvez o melhor em campo) e de perdas de bola displicentes a meio-campo. Não se aprendeu com os erros passados e recentes e os golos sofridos de cabeça na sequência de lances de bola parada repetem-se - Ricardo na baliza confirmou as fraquezas de que padece ao sair às bolas cruzadas, provando ser o elo mais fraco e não ter lugar na selecção (só as limitações técnicas e a teimosia de Scolari o justifica), o que tinha sido já premonitoriamente vaticinado por Matthäus e Schweinsteigger. A péssima primeira parte foi determinante na derrota e mesmo que o terceiro golo adversário, de Ballack, seja irregular (empurrou Paulo Ferreira), pouco se podia esperar de uma selecção que passou sofregamente o tempo a correr atrás do prejuízo.
Foi mais uma lição germânica de pragmatismo e eficácia que, a julgar pela tradição, de pouco servirá à nossa selecção em jogos futuros. Impressionou a forma como a simplicidade de processos dos jogadores alemães anulou mais uma vez o futebol excessivamente rendilhado e barroco de Portugal e explorou as nossas fraquezas. O próximo treinador do Chelsea sai próximo da porta do cavalo e duvido que os ares londrinos lhe vão ser favoráveis. Já agora, que o próximo seleccionador seja Zico ou Manuel José...
O hábito do fracasso tem a vantagem de minimizar a tristeza. Porém, há que voltar a despertar para a dura realidade: Portugal perdeu, ainda não é desta que ganha um «caneco» e... Sócrates ainda é primeiro-ministro!

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A incompetente de serviço

O plano traçado de desmantelamento da qualidade do ensino público continua a sua marcha impávida e serena. Desta vez a propaganda teve como pretexto os resultados dos alunos dos 4º e 6º anos nas provas de aferição de Matemática e Português: é impossível que, se essas provas fossem fiáveis e seguissem os critérios de outros anos lectivos, delas resultassem menos de metade das negativas e um aumento exponencial de sucesso, em apenas um ano! Quem é professor sabe que esta é mais uma mentira produzida pelo artifício dos números e sem consistência ou tradução materializada em efectivas aquisições cognitivas dos alunos. Aliás, basta consultar os dados de estudos bem mais fidedignos, como o estudo internacional PISA, para desmascarar os sofismas da retórica ministerial.
O que move a sinistra equipa liderada por Lurdes Rodrigues é subordinar vilmente a qualidade do ensino público à batalha das estatísticas, é o cego anseio de encetar uma política ávida em apresentar indicadores de sucesso, com os graves atropelos à dignidade da profissão docente e aos níveis de exigência das aprendizagens. Este é, sem dúvida, o governo das «novas oportunidades» ao desbarato e a baixo custo para todos os que precisam de qualificações não superiores.
Saberá Lurdes Rodrigues, ou os senhores Lemos e Pedreira, qual é o quadrado de 100, como se perguntava numa das provas de aferição? Já agora, porque não o triplo de 567? E como iludir a crítica da Associação de Professores de Português ao exame nacional de Língua Portuguesa do 9º ano, realizado ontem e segundo a qual continha orientações e ajudas excessivas aos alunos e com uma parte de gramática ao nível do 2º ciclo? Assim é fácil propagandear o sucesso...
Suspeito que, para o próximo ano lectivo, a incompetente ministra de serviço (infelizmente há tempo demais) se venha a lembrar de juntar em anexo as respostas e soluções às perguntas dos exames nacionais e provas de aferição, para finalmente apresentar os tão sonhados 100% de positivas, mesmo com uma escola pública apodrecida.
Com um governo e sindicatos assim, não se pode pedir chuva se não há nuvens, mas apenas lágrimas!

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terça-feira, junho 17, 2008

Mal fica ao Benfica

É degradante para a imagem internacional da credibilidade do futebol português, as reprováveis diligências do SL Benfica junto da UEFA, agora que este organismo decidiu reintegrar o FC Porto na próxima edição da Liga dos Campeões. Quer o Benfica ganhar na secretaria aquilo que não teve o mérito de conquistar no campo: o quarto lugar que a «melhor equipa benfiquista dos últimos dez anos» (Luis Filipe Vieira dixit) conseguiu dará assim tantas razões à administração do clube da águia para se pôr em bicos de pés? Não terá o FC Porto merecido com absoluta justiça desportiva o lugar que o ex-presidente do Alverca inveja?
Tão má como a prestação desportiva da equipa de futebol é a insensata prestação reivindicativa da administração - entre ambas há seguramente uma relação de concomitância e de proporcionalidade.

Houvesse tanta cobertura e pressão mediáticas nos anos anteriores a 1974 e desconfio que a suspeição que há a norte se deslocaria retroactivamente para sul, até porque se há quem não tem razões de queixa são, seguramente, os «três grandes». Enfim, mau perder é o que é!
NOTA: i) não vi o jogo de Portugal contra a Suíça (não gosto de jogos inconsequentes) porque preferi - e bem - o outro jogo do grupo em que a Turquia fez mais um épico. ii) Falhei na minha previsão do adversário dos quartos-de-final: afinal, é a Alemanha; acredito que, ao contrário do que acontece com o nervosismo e despropósito de Luis Filipe Vieira, possamos vencer.

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sexta-feira, junho 13, 2008

«Porreiro, pá!»

A Irlanda foi o único país da União Europeia a submeter a referendo o Tratado de Lisboa; só os irlandeses se pronunciaram democraticamente e não perderam essa ocasião para sensatamente votarem «não» a um Tratado que é um atentado aos direitos sociais e laborais de centenas de milhões de cidadãos. O que os conterrâneos de Joyce decidiram, fá-lo-iam também muitos outros países membros, pois não foi por acaso que a ratificação do documento já se fez em 15 estados por via parlamentar, nalguns casos violando promessas eleitorais, como é o caso português - como fica agora o foguetório do «porreiro, pá!»?
Eis uma boa ocasião e mais uma oportunidade para os directórios que impõem as suas deliberações, contra elementares preceitos de democraticidade, mostrarem se respeitam ou não a democracia. A ver vamos como vão reagir os defensores da Europa do lucro: irão, finalmente, respeitar a aspiração a uma Europa social, dos cidadãos? De Barroso, títere de interesses menos claros, acho pouco crível que isso aconteça...
Cheers!

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quinta-feira, junho 12, 2008

Greves traídas

Durante os últimos quatro dias, a greve dos camionistas foi um acontecimento que merece ser objecto de um sério estudo sociológico, designadamente pelo facto insólito de ter posto empregados a defender viril e ilegalmente patrões. Ou seja, foi uma greve de empresários de transportes de mercadorias contra a vontade da sua associação representativa (a ANTRAM) e que envolveu activa e maioritariamente os camionistas, cuja intervenção em terra e fora das cabines dos tractores pesados foi decisiva. No fim, e fazendo lembrar a traição da Plataforma Sindical de Professores ao empenhamento dos docentes na manifestação em Lisboa, os assalariados do volante sentiram-se traídos pelas negociações que só beneficiam, quando muito, os seus patrões - afinal, foram carne para canhão e testas de ferro de interesses que acabaram por não ser os seus, após noites mal dormidas e um atropelamento mortal de um dos seus que fazia parte de um dos célebres piquetes de grevistas. Em Portugal, começam a ser comuns as greves traídas...
Para o cidadão anónimo, há, pelo menos, dois relevantes aspectos a reter desta ocorrência: primeiro, percebeu-se a importância dos transportes terrestres de mercadorias na dinâmica económica que sustenta a sociedade de consumo (são como os glóbulos vermelhos no sistema circulatório); alguns escassos dias de paralisação e a ausência de víveres nas prateleiras, de matérias-primas para a indústria e o sector da construção, ou de combustíveis nos postos de abastecimento, põem em causa a cadeia de dependências que o automatismo da rotina esconde. Por outro lado, provou-se a impotência da autoridade do Estado, em particular das forças policiais, em dissuadir e punir comportamentos ilegais flagrantes e mediatizados: de estradas e acessos bloqueados ostensivamente, de coacção grave sobre condutores (impondo por recurso à violência a greve a não aderentes), de veículos apedrejados, de atentados contra a segurança rodoviária, entre outras ocorrências nada dignas de um Estado de direito.
Felizmente para o desnorte social vivido, para o alheamento político do governo, para os aumentos sucessivos dos combustíveis e demais desastres que nos oprimem, que há o Euro 2008 e uma prestação positiva da nossa selecção: não fosse ir para o Chelsea e seria caso para dizer «Scolari ao poder»!

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quarta-feira, junho 11, 2008

Portugal 3 - Rep. Checa 1

Mais uma vitória alcançada na segunda parte, com mais golos e perante um adversário mais difícil. Falta ainda um jogo e o primeiro lugar no grupo A e a passagem aos quartos-de-final estão já garantidos: pela quinta vez numa fase final de um Europeu e pela quinta vez Portugal passa às eliminatórias - a estada na Suíça será prolongada, pelo menos, até ao dia 19. A era Scolari na selecção das quinas fica definitivamente na história como um ciclo inédito de sucessos consecutivos, apesar de nenhum título ter sido conquistado.
Após uma primeira parte tremida e de ascendente checo (incrível como se continua a sofrer golos de cabeça na sequência de cantos, como foi o de Sionko, que restabeleceu o empate), o intervalo voltou a fazer bem à selecção e, após Deco, Ronaldo e Quaresma deram maior expressão ao marcador, em mais dois golos de classe que resultaram de jogadas de entendimento e em que Deco esteve brilhante. Mais uma vez, Parabéns à selecção!
Venham agora, no domingo, os suíços para cumprir calendário e olhos atentos no grupo B, de onde nos virá o adversário seguinte, provavelmente croata ou polaco.

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terça-feira, junho 10, 2008

Dia da raça

O lapsus linguae de Cavaco Silva, ao declarar ontem que o 10 de Junho é o «dia da raça», como freudiano «acto falhado» que é, denuncia que, para o actual inquilino de Belém, o tempo da outra senhora nem era assim tão mau ou opressivo... Para quem habitualmente se mostra tão reservado em emitir opinião e mede tão pausadamente as palavras de improviso que debita em público e quer fazer passar uma imagem de moderação e de ponderação, este deslize verbal é revelador de uma aquisição cultural que está aquém do conteúdo de muitos dos discursos lidos nas cerimónias oficiais - quem serão os autores dos textos lidos pelo Presidente?
Só as claras limitações retóricas e intelectuais de Cavaco Silva justificam que seja o autor da célebre asserção «nunca tenho dúvidas e raramente me engano» e dispense apenas cerca de 5 minutos do dia em leitura de jornais. Como se (ou)viu, hoje é o «dia da raça» - afinal, o homem raramente se engana e ter dúvidas é coisa pouco presidenciável!
Para quando um busto a Salazar nos jardins de Boliqueim..., perdão, de Belém?

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sábado, junho 07, 2008

Portugal 2 - Turquia 0

Depois do suado apuramento para a fase final que hoje começou, a etapa seguinte acaba de ser cumprida: vencer o primeiro jogo do Euro 2008, frente à selecção turca. Grande segunda parte, grandes golos de Pepe e de Raul Meireles, grandes assistências de Nuno Gomes e de João Moutinho, grande espírito colectivo e de entreajuda, boa capacidade de concentração, um meio-campo sólido e uma defesa consistente. Pelo meio, ainda houve tempo para dois remates ao poste da baliza e um à trave: Portugal jogou bem, ganhou e mesmo assim teve azar. Parabéns à equipa, mas cuidado com os excessos de confiança!
Venham agora os checos...

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sexta-feira, junho 06, 2008

Sócrates até quando?

Se algum mérito o governo de Sócrates tem, será seguramente o de unir milhares de portugueses descontentes em sucessivas manifestações que têm convertido a lisboeta Avenida da Liberdade num autêntico «manifestódromo»: foi assim em Março com 100.000 professores, foi assim ontem com 200.000 trabalhadores em protesto contra a proposta em agenda de revisão do Código do Trabalho e foi assim noutras ocasiões anteriores. Apesar do ineditismo da elevada mole humana em tais recentes desfiles reivindicativos, a insensibilidade social e a arrogância e autismo políticos do primeiro-ministro não o inibem de comentar que os números de manifestantes não o impressionam. É natural, depois de tanta promessa não cumprida e contrariada...
À excepção de um punhado de militantes insatisfeitos e desiludidos, só o PS e o Governo parecem estar realizados e ledos com a incompetência executiva e a fatalidade nacional de aprofundamento das assimetrias que afirmam Portugal como o país mais desigual e socialmente injusto no seio da UE. Por detrás da encenada aparência de convicção política e postura de Estado, Sócrates vai-se esboroando de conteúdo, títere que é ao serviço de interesses pouco públicos - talvez só em 2009 o «querido líder» se apercebe que é um erro de casting...
Pena que, entretanto, Portugal continue a ser um país adiado!

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quinta-feira, junho 05, 2008

Serviço cívico

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quarta-feira, junho 04, 2008

Vitalino, o «testa de ferro»

Cada vez que o socialista Vitalino Canas é convocado para defender o Governo junto dos média, o conteúdo das suas alegações impressionam pela sofrível retórica própria de quem, a todo o custo, se esforça por demonstrar a quadratura do círculo. Aliás, tivesse Vitalino a necessidade de argumentar que o Tejo fica a norte do Douro, ou que Armando Vara merecia o Nobel da Economia, e vê-lo-íamos do alto do seu sorriso de escárnio altivo a bater-se por tais asserções. Dificilmente o PS poderia ter escolhido um melhor e mais digno sucessor de Jorge Coelho como «testa de ferro».
Desta vez, a propósito de um comício de cidadãos de esquerda, realizado ontem no lisboeta Teatro da Trindade, tendo como ilustres participantes militantes do BE e do PS (como Manuel Alegre e José Neves), o inevitável Vitalino veio à liça mediática proferir as redondas e previsíveis banalidades do costume, as quais nem merecem transcrição... A sólida missão vitaliniana é a de resguardar incondicionalmente o seu querido líder do confronto directo com as críticas e os críticos, tarefa que, naturalmente, seria impossível atribuir a um cão de guarda - mas a fidelidade canina está lá!
E o mais notável é que Vitalino Canas é um homem dos setenta ofícios, tantas são as ocupações profissionais em que labora - ainda bem para as taxas de desemprego que nem todos são tão atarefados... Ou muito me engano ou, tal como Jorge Coelho, Vitalino bem poderá contar num futuro próximo com um lugar - qual exílio dourado - numa qualquer administração de uma grande empresa. Afinal, o governo Sócrates é o das «novas oportunidades»!
"Espelho meu, espelho meu, há algum «testa de ferro» mais bonito do que eu?"

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terça-feira, junho 03, 2008

A fome de futebol e a outra

Por estes dias, o paradigma jornalístico em que vivemos presta o seu zeloso tributo aos deuses de chuteiras no Olimpo suiço. É como se os média suspendessem o tempo da realidade quotidiana e nele introduzissem uma sublime pausa de irrealidade onírica, (con)fundindo o desejo e a esperança com o sólido chão que se pisa. Tristeza e alegria, fome e saciedade, depressão e júbilo são sentimentos que parecem ter mais consistência se transpostos para os limites de um campo de jogos.
Também no Brasil este conceito de racionalidade é um dado sociológico e, a este propósito, convido todos os que me honram com a sua leitura a disponibilizarem cerca de 30 segundos do seu tempo para verem este singelo trecho de animação. Não tarda, a fome de futebol fará em absoluto esquecer a outra modalidade de fome - andamos a precisar do cartão vermelho!

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domingo, junho 01, 2008

País de heróis

Se no século XV já houvesse televisão, certamente os lusos telespectadores de antanho não teriam perdido pitada da transmissão directa da partida da armada de Vasco da Gama para a Índia, bem como teríamos um documento visual da valente tareia infligida pelos mouros ao adolescente Sebastião. Uns séculos depois e a contar para outro campeonato, a cobertura intensiva e permanente hoje dada às deambulações da selecção nacional foi, a meu ver, que até gosto de futebol, um exagero dos canais generalistas, como se os craques da bola fossem o remédio para a depressão provocada pela conjuntura interna - serão? Mesmo que vencessem o Euro 2008, continuaríamos a ser governados por Sócrates, ou a assistir aos sucessivos aumentos do preço dos combustíveis, aos lucros recorde dos bancos...
Poucos países têm tantos heróis com tão pouco retorno!

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