sábado, junho 30, 2007

PS: a nova PIDE

A arrogância tosca do ministro da Saúde atingiu o auge por estes dias, ao exonerar a directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho pelo simples facto de esta se ter recusado a comportar como delatora de críticos e comissária política do governo, permitindo a afixação, por um médico daquele estabelecimento, de um cartaz que ironizava com humor (mas sem ofensa) as palavras em que, numa entrevista ao JN, o ministerial senhor, em mais um momento infeliz, asseverava que nunca recorreu a um SAP nem o faria, pois tais serviços carecem de segurança e de meios. Como é possível o titular do cargo público em questão ser tão insensato, irreflectido e estúpido?
Multiplicam-se vergonhosa e vertiginosamente os casos que demonstram que o governo Sócrates já nem sequer disfarça a semelhança com os governos anteriores, de Barroso e Santana, inúmeros são os figurantes sem tino nem senso que o compõem: Manuel Pinho, Mário Lino, Lurdes Rodrigues e seu séquito de secretários, Ascenso Simões, Isabel Pires de Lima, Eduardo Cabrita, Santos Silva ou Correia de Campos, entre outros, formam já um rol trágico de incompetentes e aspirantes a pequenos déspotas - Sócrates não está sozinho. Quem perde a oportunidade de estar calado sempre que abre a boca, não tem aptidão para decidir, como tantos exemplos do passado remoto e próximo proficuamente atestam. E isto é que é deveras jocoso!
O PS converteu-se num partido de bufos, que praticam e promovem a delação mais vil e ordinária, e até os «jotinhas» da JS, ciosos em mostrar serviço aos chefes e ascender a todo o custo na hierarquia partidária, bem sabem as novas regras da bufaria, como este caso confirma. Aliás, o novo director do Centro de Saúde em apreço já está nomeado e, claro, o seu maior mérito para o cargo é ter o cartão rosa (é vereador «socialista») e certamente a fidelidade canina, perdão, lealdade, que devota aos superiores...
Os casos Charrua e Caldeira não são, portanto, casos isolados, revelando que Margaridas Moreiras há muitas e não apenas na DREN. Algumas até se sentam, como se vê, no Conselho de Ministros e, inequivocamente, o Partido de Sócrates - PS - revela-se um digno sucessor da PIDE!

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Primum vivere deinde philosophare - 51

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sexta-feira, junho 29, 2007

Centro Comercial de Berardo

Veio, viu e venceu. É o homem (ou herói?) do momento em Portugal: ajudou a impedir a concretização da OPA da Sonae sobre a PT e a travar os ímpetos absolutistas de Jardim Gonçalves no BCP; impôs a sua vontade ao governo no caso da sua colecção pessoal de arte; e quer ser o proprietário do Benfica, num recente e comovente assomo de clubismo ancorado em razões tão antigas como a travessia do deserto pelo clube da Luz, mas só agora vislumbradas pelo ilustre endinheirado (suspeito que esta manifestação de afectos esconda mais uma intenção de oportunidade de negócio!). Depois de Barroso e Sócrates, Berardo compõe uma trilogia de "josés" que atestam a menoridade cívica deste país; porém, este prefere o anglófono "Joe", bem à medida de uma incontida (ou genética?) parolice e um indisfarçável tique de imigrante bem sucedido.
Joe Berardo prosperou à custa de ilícitas artimanhas, como a pilhagem de recursos naturais subtraídos na África do Sul, de onde viria a ser expulso, e "exportados" para a sua Madeira natal, aproveitando o mais que pôde uma relação de amizade pessoal que conseguiu granjear junto dos mais altos dirigentes do regime racista do «apartheid», que então vigorava. Ou seja, no caso de Berardo, fazer dinheiro não exigiu esforço intelectual, mérito sapiencial ou sorte na lotaria, mas antes foi efeito da conjugação feliz de astuciosa manha, um contexto sócio-político propício e uma conjuntura de ventos favoráveis.
De facto, o muito tempo de antena que os diversos média concertadamente lhe têm dado, revela as insuficiências intelectuais e as limitações comunicacionais deste quase analfabeto carregado de dinheiro, assim como evidencia que, para ele, tudo é susceptível de constituir alvo de investimento e ser fonte de proventos. Mas a inteligência é tanto conceptual como prática e, neste particular, a Berardo não se pode deixar de reconhecer uma superior aptidão para se fazer rodear das pessoas certas que compensaram as restrições cognitivas da sua personalidade.
Para comprar arte não é preceito incontornável ter bom gosto ou apurada sensibilidade estética; basta ter dinheiro, o que, para este milionário, abunda até para comprar o Centro Cultural de Belém (CCB). Melhor: é o governo português que se comporta como incorrigível otário, pois ainda paga a Berardo para este comprar o CCB! Desconfio mesmo que, tal como demitiu Mega Ferreira (um acólito do governo e intelectual), o madeirense pode ter a ousadia de, se contrariado alguma vez, vir a demitir a ministra da Cultura ou até o próprio governo - vistas as coisas, não seria assim tão nefasto para Alberto João Jardim, para Portugal e para os portugueses em geral... O bolso recheado desta gente serve para cobrir todos os subjectivos desmandos e arbitrariedades.
E como esta história e estas personagens são de lusitana gesta, Joe Berardo há décadas que é Comendador, agraciado pelo generalíssimo Eanes, por aqui se vendo a qualidade, a seriedade e o criterioso rigor com que se distribuem medalhas nesta república que, mesmo das bananas e sem ufanos títulos de realeza, premeia com comendas a ascensão social e o fortalecimento do ego.
Numa lógica crescentemente assumida de prioritária rentabilidade da cultura e dos espaços culturais, decalcada da de Rui Rio com o Rivoli do Porto, não admira que o Centro Cultural de Belém sofra uma «berardização» onomástica e passe a designar-se de «Centro Comercial de Berardo», o que até nem afecta muito, pois continuaria a ser... CCB!

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quinta-feira, junho 28, 2007

Tooneladas de siso - 5º quilo

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O esquecimento global

As alterações climáticas e o aquecimento global entraram na agenda política mundial e até Bush já balbucia tímidas preocupações ambientais, admitindo finalmente a evidência há décadas difundida e partilhada por insuspeitos organismos não governamentais e sociedades científicas internacionais. Com efeito, somos hoje confrontados com fenómenos naturais que contrariam os ciclos expectáveis da regularidade em que a Natureza funciona e que são consequência directa da actividade humana sobre o planeta, a qual tem a marca incontornável da selvática ferocidade das políticas capitalistas e o ferrete do neoliberalismo: o lucro tudo tem justificado, inclusivé o esgotamento e a destruição dos recursos da Terra.
Se as metas do Protocolo de Quioto, por si só, são pouco ambiciosas e modestíssimas, mesmo assim os EUA e a Austrália, dois dos maiores poluidores mundiais, eximiram-se ao seu cumprimento e a quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentou em 41 países industrializados, segundo um recente relatório da ONU. Aliás, os subscritores do Protocolo emitiram mais CO2 em 2004 do que em 2000 e, no seio da União Europeia, Espanha e Portugal foram os que mais aumentaram tais emissões (49 e 41%, respectivamente).
Nesta lógica de desenvolvimento não sustentado, dissociado da promoção e preservação da qualidade ambiental, não surpreende que, no Orçamento de Estado para este ano, o governo português tenha incluido 72 milhões de euros para a constituição de um «Fundo de Carbono», ou seja, parte dos custos a pagar no futuro pelo excesso de emissões são mensuráveis e pagos já por todos os consumidores e contribuintes que pagam impostos. E, porque o futuro está ameaçado e conhecidas que são as causas da ameaça, urge delinear e implementar as estratégias adequadas para a solução do aquecimento global; mas, para isso, é preciso tomar consciência de que a factura do esquecimento global é mais onerosa e transcende qualquer contabilidade, mesmo a que diviniza o lucro.
Com o cinzento e o negro a substituirem o verde, é também a esperança que se vai desvanecendo; e não há pior e mais grave défice do que o défice ambiental!

terça-feira, junho 26, 2007

Legendar o silêncio icónico (54)

À primeira vista, parecia um polvo gigante!
(Afinal, é apenas um cefalópode humano!)

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Israelitas com pele de cordeiro

Qualquer que seja o posicionamento que adoptemos sobre o longo conflito israelo-palestino, é impossível discordar do facto de que tem havido uma desproporção na brutalidade e amplitude de resposta das forças armadas israelitas às provocações de movimentos como o Hezbollah e o Hamas. O poder bélico de Tel Aviv baseia-se no princípio do castigo colectivo (civis, mulheres, crianças, idosos) e na estratégia musculada do uso da máxima força. Se bem que não haja inocentes e de ambos os lados o comportamento seja reprovável, não se pode comparar o lançamento de rockets caseiros Quassans com os ataques de F16 e Apaches; e é também incomparável a captura de um soldado israelita (que serviu de pretexto aos bombardeamentos de há um ano no sul do Líbano e em Beirute) com o rapto e detenção de milhares de palestinos militantes da resistência ou simplesmente suspeitos. Na verdade, no dia anterior à captura do soldado Shalit, o exército israelita tinha raptado vários palestinos em Gaza.
Com o silêncio conivente do Ocidente, em especial dos EUA, tudo serve para calar a crítica à ocupação de Israel, que já vai em 40 anos. Mas esta tem sido uma estratégia desastrosa do Estado judaico, pondo em causa a sua própria segurança, uma vez que a paz e o reconhecimento mútuo não passarão pela força dissuasora das forças armadas israelitas nem pela construção segregacionista de vergonhosos muros divisórios... Pelo contrário, o recurso à desproporção na resposta a todo o tipo de «intifadas» só aumentará e reforçará a espiral de violência e o ódio dos dilacerados e humilhados palestinos.
O actual governo do Kadima, de Ehud Olmert, insiste em delinear unilateralmente as fronteiras de Israel, consolidando a discriminação. Esta evitável conjuntura decorre da política de Israel e dos EUA em recusarem a eleição, apesar de tudo democrática, do Hamas e, assim, subtraem-se a toda a negociação sensata, à semelhança aliás do que aconteceu no Iraque. Foi a partir de Benjamin Netanyahu que se sucedem as oportunidades de paz perdidas e se desbaratam "processos de paz", fruto do discurso dúplice e de uma lógica hipócrita - desde as guerras de 67 e 73, têm sido de curto prazo e etnocêntricas as políticas fracassadas de Israel.
Em 1982, querendo esmagar a OLP, de Yasser Arafat, com a invasão do Líbano, o que Tel Aviv conseguiu foi pretextar a criação do Hezbollah; durante a «primeira intifada», a promoção do Hamas como contrapeso à Fatah resultou na expansão do movimento islamista. E que dizer da ambição cega e autista em manter e expandir os colonatos judeus após os Acordos de Oslo? E, mais recentemente, a arrogância estúpida de Israel de ter explorado e humilhado Arafat e a Autoridade Palestina e não ter produzido um acordo final e justo quando havia uma oportunidade? E a ainda mais recente tentativa, bem à maneira dos métodos da CIA no estrangeiro, de isolar o governo do Hamas (com a inqualificável apropriação israelita de receitas de impostos dos palestinos) e conspirar numa cisão entre Ismail Haniyeh e Mahmoud Abbas? A estratégia de Israel não consiste na resolução do conflito com base na solução de dois Estados viáveis, mas antes a submissão dos palestinos a um Estado-fantoche fundado na dispersão e a anexação sem compensações da maior parte dos colonatos da Cisjordânia.
Pela extensão nas repercussões que tem, esta guerra no Médio Oriente deve apoquentar todo o mundo. E, para evitar o desastre, há que lembrar ao povo israelita que o Holocausto, sendo um facto histórico vergonhoso para o conjunto da humanidade, é, no entanto, já coisa do passado e que esse povo em particular foi generosamente ressarcido; caso contrário, a persistirem no papel de vítimas, são agora os israelitas que se convertem em lobos com pele de cordeiro e se arriscam a ser os carrascos de si próprios, à imagem... do nazismo!

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segunda-feira, junho 25, 2007

A fuga pela porta do cavalo

Tony Blair resignou e, após dez anos de governação, encenou uma inglória fuga pela porta do cavalo e cede o lugar de primeiro-ministro e de líder do Partido Trabalhista a Gordon Brown. Talvez tenha sido uma das poucas boas decisões políticas que tomou... Internamente, a política desastrosa de Blair fez-se sentir sobretudo na privatização de serviços públicos e na implementação de leis anti-sindicais.
Mas é fundamentalmente à política externa que Blair deve a sua quebra de popularidade: a aliança com George Bush na infame e criminosa invasão do Iraque, a mentira colossal sobre a existência de armas de destruição maciça no regime de Saddam Hussein (o que lhe valeu o epíteto de "Bliar"), a informação confirmada pela prestigiada revista médica «Lancet» de que a guerra do Iraque já causou pelo menos cem mil mortos civis, ou a revelação do envolvimento directo e pessoal de Blair nas pressões para afastar o director-geral da BBC, que muito sabia sobre o caso Kelly, foram tristes exemplos de indignidade política da autoria deste súbdito da rainha.
Deste negro e extenso rol de acção como primeiro-ministro britânico, resultaram os atentados suicidas de 7 de Julho de 2005 em transportes públicos londrinos, nos quais morreram 56 pessoas, bem como o endurecimento da "guerra ao terrorismo" que serviu de pretexto à implementação de leis que põem em causa liberdades cívicas e que estão a ser usadas contra imigrantes e até britânicos de cor de pele diferente.
Por conseguinte, Blair foi uma nódoa negra; mas temo que o seu sucessor, Brown, a julgar pelo nome e pelo percurso político, vá ser pouco melhor, isto é, uma nódoa pouco mais clara: castanha!

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domingo, junho 24, 2007

O Decálogo que faltava

A hilariante Igreja Católica publicou mais um interessantíssimo texto, com 36 virtuosas páginas, determinando sobre comportamento no trânsito e chegando mesmo a elaborar os dez mandamentos do condutor. Não há dúvida de que a providência divina tarda, mas, na insondabilidade dos seus desígnios, não deixa de vir, desta feita sob iluminação inspiradora (a EDP tem forte concorrência!) das cabeças cardinalícias cujas cãs transpiram solene sapiência. Aliás, do Vaticano emanam directivas mais influentes do que as da Casa Branca e mais prestigiosas do que as inócuas resoluções da ONU e, por isso, das duas uma: ou finalmente vão acabar os acidentes de viação, ou o inferno terá de ampliar significativamente as suas instalações e, neste caso, o incremento de multas de trânsito será tal, que os agentes da BT não terão mãos a medir e o défice do Estado, pelo menos o português, terá os dias contados. Afinal, com a palavra de Deus, via mediação papal, não se brinca e, além disso, uma religião que tenha uma brecha, uma só brecha que seja, é uma religião rachada e, logo, mal amanhada e mais atreita a meter água suja em vez de água benta!
Doravante, até entre os condutores se irão recrutar putativos candidatos a santos do panteão católico, incitando os utentes do volante a uma condução a caminho da santidade. E tanto assim é, que nos bem-aventurados conselhos se recomenda que "cada viagem seja iniciada com o sinal da cruz, colocando os passageiros sob a protecção da Santíssima Trindade". Oxalá ninguém se esqueça de tal prolegómeno ritual, embora não se esclareça se o mesmo deve ser feito antes ou depois de pôr o cinto de segurança...
Mas há dois mandamentos em particular que se destacam. O quinto, que ordena "que o automóvel não seja um lugar de dominação e nem lugar de pecado": o pormenor clínico desta igreja romana é minucioso e até desmancha-prazeres, visto que este preceito cristão passa a interditar a consumação de calores eróticos e genitais dilatações que se desencadeiam nas parcerias rodoviárias; ou seja, acabam-se as quecas nos carros e demais viaturas de todas as cilindradas. E, estando nós numa economia global, a Kleenex e a Durex que se cuidem!
O outro mandamento que também me mereceu especial atenção é o oitavo, que refere: "reúna-se a vítima com o condutor agressor em momento oportuno, para que possa viver a experiência libertadora do perdão". Mas, o "momento oportuno" é antes ou depois da sova de pau entre ambos? E, se a vítima morre, quando é esse redentor momento? Por outro lado, ou muito me engano, ou as pessoas mais propensas à adrenalina e a novas experiências não vão enjeitar a oportunidade para "viver a experiência libertadora do perdão", provocando acidentes voluntária e desnecessariamente só para experienciarem semelhante catarse, pelo que tal mandamento poderá ser perverso e contraproducente. Contudo, é provável que Iavé, mesmo perfeito, não tenha carta de condução e esse detalhe casuístico lhe tenha escapado...
Posto isto, como angustiado cidadão lusitano, fico a aguardar pelos Decálogos para o autarca, para o banqueiro, para o construtor civil e promotor imobiliário, para os cursos de Engenharia na Independente e para o sector privado. Para já, abençoada seja a Santa Madre Igreja, que até devia pensar em abrir... escolas de condução!

sábado, junho 23, 2007

Com medo do futuro

Dedico este post a António Caldeira, professor de Alcobaça que, no seu blogue «Do Portugal Profundo», foi o primeiro a denunciar que Portugal é governado por alguém que diz que é o que não é. Em vez de receber uma medalha no 10 de Junho, Caldeira é alvo de uma queixa-crime contra si apresentada no âmbito das suspeitas manobras de engenharia do primeiro-ministro...

O que se passa com Portugal, que os dias perderam o brilho de outrora e se vão cobrindo na asfixia do cinzento pressuroso que adensa a atmosfera e anuncia a violenta tempestade de inquietações, dúvidas e suspeitas diluvianas?
Foi sob o signo da esclarecida autoridade que, escudado numa maioria absoluta, (Sócrates) Pinto de Sousa, presumível engenheiro mas sem engenho, apregoou saber o que queria e para onde ia. Porém, obnubilado pela ufana potência da vaidade e seduzido pelas ínvias malhas do poder, oferece os mais claros indícios de quem pesca apenas com linha e não navega sem costa à vista, perdido na desorientação do rumo errante e ao sabor de circunstanciais correntes. O que se instala é o vazio da incerteza angustiante, que se consome no fel que instiga a intriga rasteira, a delação cobarde, a mentira interessada, a insinuação traiçoeira, a suspeição oportunista, a contradição medíocre, na medida apropriada de conveniências que se erguem no espaço torpe da arbitrariedade, do favorecimento, do rancor e da vingança.
Como respirar no ar de organismos estatais convertidos em ninhos de víboras delatórias? Como suportar o odor nauseabundo de métodos que devoram a lisura da tolerância e da convivência democráticas? Como lidar com a névoa de cegueira que, autista, se abate em soez desonestidade intelectual e malévola presunção decisória?
Mas o mais preocupante é a multidão de cidadãos submissos e resignados, para os quais a prioridade é sobreviver em cada dia e o futuro não se vislumbra ser radiosa promessa, mas escura treva que abriga o medo!

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sexta-feira, junho 22, 2007

Ipsis verbis [5]

"Se a mim me mandassem dispor por ordem de precedência a caridade, a justiça e a bondade, o primeiro lugar dá-lo-ia à bondade, o segundo à justiça e o terceiro à caridade. Porque a bondade, por si só, já dispensa justiça e caridade, porque a justiça justa já contém em si caridade suficiente. A caridade é o que resta quando não há bondade nem justiça."
- José Saramago, escritor e Prémio Nobel da Literatura, em «Cadernos de Lanzarote», vol. 3

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Ecos da blogosfera (1)

Desconheço o seu nome de baptismo ou as feições do seu rosto, mas é uma jovem do Samouco (Alcochete), mestranda na área do Direito e que dá no seu blogue pelo nome de Texuga (certamente uma alusão felina). Os variadíssimos temas dos seus posts partem do seu quotidiano profissional, doméstico e até privado; a sua escrita é encantadora e cinematográfica e tem a capacidade de nos fazer pensar: o poder visual do que descreve, a profundidade por detrás da aparente leveza e emotividade da sua linguagem são elementos tão presentes que fazem do M&M um blogue que visito com regularidade e agrado. Veja-se, como exemplo, este post recente ou este. Boas leituras!

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quinta-feira, junho 21, 2007

Legendar o silêncio icónico (53)

Fica na Suécia, próximo de Estocolmo!
(Irão lá muitos lusófonos ao engano?)

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Humores # 11

1. Alzheimer ou SIDA?
- Alô!?
- Boa tarde! Gostava de falar com a Sra. Silva, se faz favor.
- Fala a própria.
- Sra. Silva, fala o Dr. Arruda, do Laboratório de Análises Clínicas. Ontem, quando o médico do seu marido me enviou a biópsia dele para análise, ao mesmo tempo chegou também uma biópsia de um outro Sr. Silva e nós, agora, não sabemos qual é a do seu marido. Infelizmente, os resultados são ambos bastante maus...
- O que é que o senhor quer dizer com isso?
- Bom, um dos exames deu positivo para Alzheimer e o outro deu positivo para o SIDA. E nós não sabemos qual é o do seu marido...
- Como é possível? E não podem repetir os exames?
- Normalmente, seria isso que faríamos, mas o Serviço Nacional de Saúde só paga estes exames caros uma única vez e por paciente...

- Então o que é que me aconselha a fazer?
- Bom, eu aconselhava-a a levar o seu marido para um lugar longe de casa e a deixá-lo lá ficar. Se ele conseguir encontrar o caminho de regresso, não faça mais sexo com ele!
2. Algures no Evangelho de João
Maria Madalena estava para ser apedrejada quando Jesus resolveu interceder em seu favor, diante da multidão que ali estava. Jesus disse: "Quem nunca errou, que atire a primeira pedra!"
Um fariseu que por ali deambulava empolgou-se, pegou num tremendo tijolo e acertou em plena testa da Maria Madalena, que caiu redonda. Jesus, muito entristecido, foi em direcção ao violento judeu, olhou-o bem nos olhos e perguntou-lhe: "Homem, diz-me a verdade, nunca erraste na tua vida?" Ao que o outro respondeu: "Desta distância, nunca!"

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Novas da católica impostura

Numa recente entrevista a um semanário norte-americano, um tal de cardeal Renato Martino (uma das inúmeras gerônticas alimárias que pululam pelos faustosos corredores do Vaticano) defendeu que os indivíduos e as organizações que se sintam identificados com os princípios católicos devem retirar o seu apoio à Amnistia Internacional (AI), devido ao facto de esta instituição se ter declarado a favor da prática de abortos em certos casos, como violações e risco de vida para a mulher.
É, no mínimo, desconcertante este obsceno cinismo do Vaticano, até porque poucas organizações são tão directa e moralmente responsáveis por milhões de assassinatos, como é o caso da hedionda Igreja Católica. E não será preciso recuar aos séculos de vigência da «Santa Inquisição»: pensemos no colaboracionismo cúmplice desta infame igreja papal para com ditadores sanguinários e regimes opressivos como, por exemplo, Franco na guerra civil espanhola, Hitler e o nazismo alemão, Salazar no Estado Novo ou Pinochet no Chile dos anos setenta e oitenta... O que sabe de Direitos Humanos esta atávica e anacrónica gente que polui as margens do Tibre?
As riquezas que abundam no Vaticano e as que constituem o património mundial desta sincrética e pagã religião, assistem estáticas à morte diária de crianças subnutridas e violentadas em África, na Ásia e na América do Sul; defende e fomenta vil e dogmaticamente a discriminação de género, fazendo a apologia da desigualdade entre homem e mulher, pelo que é criminosa e violadora de direitos fundamentais (como a igualdade - de direitos e de oportunidades - e a dignidade). Esta é a igreja que recebe criminosos de guerra contra a humanidade e aceita os seus presentes; e que reúne no seu seio um amontoado de tarados pedófilos protegidos pela hierarquia... Mais que uma instituição de cariz espiritual, o Vaticano é a sede de uma situacionista multinacional máquina de fazer dinheiro com ramificações tentaculares. Como quer esta gentalha ignóbil defender a vida, se nem respeito tem pela dignidade da mesma? Vale-lhes que não têm útero, porque, se o tivessem, os padres saturavam de serviço as clínicas abortivas, como já no século XIX os escritos de Eça tão bem denunciavam.
Ao insurgir-se contra a AI por razões tão fúteis e racionalmente estéreis, o que a Igreja de Roma prova é que é o catolicismo que já não tem amnistia possível!
NOTA: Há um filme, com algum interesse, que denuncia alguns horrores praticados por esta agremiação universal romana - chama-se «Deliver Us From Evil» e, clicando no título, pode ver o trailer. Vale a pena!

terça-feira, junho 19, 2007

Legendar o silêncio icónico (52)

Na hora do aperto, somos todos iguais!
(Contenção só de despesas!)

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Só há-de sobrar a DREN!

Começaram ontem os Exames Nacionais e a controvérsia já se instalou a propósito da prova inaugural, a de Português: segundo a Associação de Professores de Português (APP), que criticou o exame do 12º ano à disciplina, este não avalia a maior parte dos objectivos do programa e descura, em particular, os conhecimentos de oralidade e Gramática, incidindo antes demasiado na interpretação de texto. Para a APP, esta foi a forma "de o Ministério da Educação fugir com o rabo à seringa" por causa do modo atabalhoado como geriu a TLEBS.
Ora, sabendo nós que Lurdes Rodrigues é tão tolerante às críticas como Hitler gostava de judeus, a APP será proscrita e juntar-se-á aos rebeldes matemáticos da APM na lista de associações a banir das comissões do Ministério tutelado por aquela socióloga (pressupondo que as suas habilitações são à prova de suspeita e ela é mesmo socióloga!). De facto, é já muita insolência e ousadia os profissionais do assunto exercerem a crítica pública e virem dar lições a quem sabe tanto e fala do alto de sapiente cátedra e da poltrona ministerial, apesar de nunca ter leccionado no ensino secundário e de mudar todos os dias regras de concursos e de trabalho das escolas.
Não tarda, e esta sinistra senhora (sem ofensa para as senhoras!), bem como os patéticos (ou serão patetas?) secretários que a guarnecem e ornam em volta, passarão a reunir-se apenas com a DREN!

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segunda-feira, junho 18, 2007

Vergonha chamada Portugal

i) Chamava-se Manuela Estanqueiro, tinha 63 anos de idade, trabalhava na Escola E. B. 2, 3 de Cacia, em Aveiro, e tinha 33 anos de serviço como professora. Pediu a aposentação antes de saber que padecia de leucemia: já não conseguia carregar a pasta com as coisas da escola. Em Março de 2006 diagnosticaram-lhe a terrível doença, mas, mesmo assim, a junta médica da Caixa Geral de Aposentações - qual sádico carrasco - considerou-a apta para o exercício da função.
De nada valeu o recurso que interpôs no início deste ano. Estava com atestado médico passado pela DREC, mas teve de voltar a trabalhar de 15 de Janeiro a 14 de Fevereiro para poder voltar a meter atestado médico, sob pena de perda de vencimento. Para esta malograda docente foi uma questão de honra mostrar que dizia a verdade; deu aulas cheia de febre e amparada por um colega que a direcção da escola disponibilizou para a acompanhar; os colegas tinham de lhe dar a sopa na boca...
O Sindicato de Professores da Zona Centro enviou entretanto novos relatórios que davam a Manuela Estanqueiro apenas mais um ou dois anos de vida, no máximo e se a quimioterapia resultasse. Estava internada em Coimbra quando lhe agendaram nova junta médica para 19 de Abril, em Lisboa. Porém, apesar de não ter tido forças para lá ir e, logo, não foi examinada, esta junta médica teve a decência de lhe conceder, finalmente, a aposentação. Conseguiu viver uma semana na condição de reformada - faleceu a seguir...
ii) Chama-se José Salter Cid, faz parte da lista de Fernando Negrão para as intercalares em Lisboa e, com 53 anos de idade e 17 de serviço na PT, é um recém-reformado com uma pensão de 15 mil euros mensais (foi um dos cerca de dois mil funcionários da empresa pública de comunicações aposentados a peso de ouro).
iii) Só um país socialmente injusto, politicamente desonesto e culturalmente corrupto pode admitir semelhantes contrastes, que corroem os fundamentos mais básicos e essenciais da ética e da democracia. Multiplicam-se escandalosamente os exemplos que descredibilizam o país torpe que somos e, mais do que dinheiro ou influência, a Portugal o que falta é vergonha!
Com tantos tiros no pé, o pior perigo para a unidade deste pedaço de Ibéria vem... de dentro de si próprio!

sábado, junho 16, 2007

Primum vivere deinde philosophare - 50

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Humores # 10

1. American said: "We have George Bush, Stevie Wonder, Bob Hope and Johnny Cash."
Portuguese said: "We have José Sócrates, no wonder, no hope and no cash!"
2. Um dia, o patrão chamou o seu empregado e disse-lhe com desprezo:
- Aposto que você gostaria de me ver morto, só para ter o prazer de cuspir na minha sepultura!
Com sardónica indiferença, de pronto lhe responde o empregado:
- Não, chefe, de modo algum; eu detesto filas!
3. Aos 20, a mulher é como a bola de futebol: 22 homens a correr atrás dela; aos 30, parece-se mais com a bola de basquetebol: 10 homens a correr atrás dela. Mas aos 40, a semelhança é com uma bola de golfe: um homem a correr atrás dela. Porém, aos 50, compara-se a bolas de pingue-pongue: dois homens a empurrá-la um para o outro; e, aos 60, a mulher é como a bola preta do snooker: todos evitam tocar nela antes de tratarem das outras!

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sexta-feira, junho 15, 2007

Não lhe ligaram cavaco!

O presidente Cavaco Silva, grande criador da lusa democracia de sucesso, indignou-se pelo facto de a RTP não ter feito a cobertura em directo e integral das comemorações soleníssimas do 10 de Junho. E, usando a sua magistratura de influência, apresentou o devido queixume e reparo à administração da estação pública. Esta, por sua vez, pediu imediatas desculpas e solicitou humildemente as presidenciais indulgências ao algarvio inquilino de Belém. Mas a RTP foi mais longe no sentido da remissão da pena e, mostrando a sua independência e autonomia editorial face aos poderes políticos, decidiu repetir a transmissão da cerimónia no próximo domingo, porém sem cortes.
Não seria melhor ideia transmitir o augusto evento, e em particular o discurso de Cavaco, em curtos episódios diários no horário nobre, ao longo da semana? Ou muito me engano ou, quando a cerimónia for transmitida em diferido, os shares de audiência da SIC e da TVI estão assegurados!

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Diálogos imperfeitos - 3

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quinta-feira, junho 14, 2007

O futuro adiado da Palestina

São vários e diversos os factores que estão na origem do insolúvel conflito israelo-palestino e o tornam inevitável. Ao longo de décadas, as sucessivas direcções políticas israelitas, palestinas e norte-americanas têm jogado com as casuísticas possibilidades do momento, num terreno minado por crises e tensões graves e onde não há inocentes. A agravar esta teia complexa estão os países vizinhos: um Líbano instável e repleto de grupos e milícias pró e anti-sírias, um Iraque desmembrado e mergulhado na caótica divisão entre sunitas, xiitas e curdos, e um Irão com potencial nuclear.
A divisão no seio dos palestinos tem atingido, por estes dias, o paroxismo, deixando-os próximos de uma guerra civil fruto da violência inaudita em curso entre combatentes da Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, e do Hamas, do primeiro-ministro Ismail Haniyeh. A Fatah é apoiada pela Mossad israelita e pelos EUA, que lhe fornecem armamento e aconselhamento militar, ao mesmo tempo que encetam canais diplomáticos com a Síria e fornecem apoio militar ao Líbano para combater a insurreição dos radicais sunitas nos campos de refugiados (que permita simultaneamente isolar o Hezbollah xiita e enfraquecer o Irão). Por seu turno, o Hamas tem o apoio logístico, financeiro e militar da Síria e do Irão, interessados em consolidar a sua hegemonia na região e destruir Israel. Ou seja, Fatah e Hamas são os instrumentos que têm sido usados como catalisadores ideológicos dos interesses estratégicos estrangeiros em contenda.
Internamente, a implosão formal da Autoridade Palestina, na base dos confrontos na Faixa de Gaza, decorre do boicote internacional ao governo do Hamas que insiste em recusar reconhecer o Estado de Israel. Mas não só, pois o caos que aí se vive radica igualmente num sistema adverso de coisas que funciona como rastilho: estranhamente, é Israel que colecta os impostos dos palestinos, os quais correspondem a dois terços do orçamento da Autoridade Palestina, e não os devolve desde que o Hamas ganhou as eleições, ficando os funcionários públicos de Gaza e Cisjordânia sem vencimentos, bem como as forças de segurança, o que leva a que não haja qualquer autoridade nas ruas de um território com mais de 3500 pessoas por quilómetro quadrado e onde abundam armas. Isto, não obstante o governo palestino de Haniyeh ter sido eleito democraticamente (um dos poucos no mundo árabe), o que não impediu também a prisão de deputados, dando a entender aos milhões de jovens palestinos que a democracia não é para ser levada a sério e os eleitos são inúteis. Pior ainda quando aos activistas do Hamas que não estão presos falta em experiência política o que sobra de pressões dos radicais.
No meio de toda esta confusão, são os EUA e Israel que esfregam as mãos de contentes e saem a ganhar: continuam a dividir para reinar na região e dão a entender ao mundo que os palestinos não sabem governar.

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quarta-feira, junho 13, 2007

Charrua

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Um logótipo perigoso

Esta semana, foi apresentado oficialmente o logótipo dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres: é uma criação do estúdio Wolff Olins e inclui o nome da cidade e os anéis olímpicos inseridos no interior dos dois algarismos iniciais que compõem o ano do evento; e será exibido em quatro cores (rosa, azul, verde e laranja). Além disso, será a primeira vez que o logo dos Jogos Olímpicos servirá também como símbolo dos Jogos Para-Olímpicos, na intenção de reflectir o comprometimento de Londres em receber os Jogos de uma forma mais integrada e solidária.
Mas o meu juízo estético é negativo face a um ícon tão pobre graficamente: linhas irregulares e disformes desenham o ano de 2012, que é quase imperceptível, e não há qualquer outro elemento significante alusivo, por exemplo, a uma mascote ou a um traço identificativo da cultura britânica. Não me parece nada feliz o trabalho criativo que produziu este símbolo.
Até aqui tudo bem. Porém, apenas um dia depois da apresentação, o logótipo já causou polémica no interior da Inglaterra e não é difícil descortinar a razão. É que, segundo a Charity Epilepsy Action, pessoas que tiveram acesso à imagem disseram ter sofrido surtos epilépticos e, ainda de acordo com este fundação, 23 mil britânicos que padecem de «epilepsia fotossensível» podem ser directamente afectados se visualizarem o logótipo.
Aqui deixo a hiperligação para o sítio oficial dos Jogos, onde se pode assistir ao filme promocional do evento. Mas, desde já, aviso que não me responsabilizo por eventuais... ataques!

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terça-feira, junho 12, 2007

A (bat)Ota segue dentro de momentos

Os insensatos homens do leme a que se chama «governo português», deram mais uma prova de sagacidade face aos ventos adversos que contra eles sopram, decidindo adiar por seis meses uma decisão definitiva sobre o local de construção do aeroporto alternativo ao da Portela. O ministro Mário Lino encarregou uma instituição na sua dependência directa (!), o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, de fazer uma análise técnica comparativa entre a Ota e Alcochete, na sequência de um estudo apresentado pela CIP e que - qual trunfo na manga guardado em segredo até ao último instante! - concluiu que os 7500 hectares do Campo de Tiro de Alcochete é a melhor opção para a instalação do novo aeroporto.
Da parte do governo, quero crer que se trata tão somente de uma manobra dilatória e não de um verdadeiro recuo que indicie uma mudança de opção. É uma espécie de estratégica batota (que rima com Ota): embora negativo para a Ota, o estudo revelado pelo sr. Van Zeller constituiu astuto e oportuno pretexto para Sócrates adiar a decisão. Mas porquê?
Primeiro de tudo, há que não ignorar que um aeroporto na Ota remete para terrenos privados, enquanto um aeroporto em Alcochete é terreno público - é um pormenor que faz toda a diferença! Com efeito, e paralelamente, a expectativa de construção da infraestrutura aeroportuária no concelho de Alenquer não é dissociável da especulação imobiliária que tem impulsionado negócios (alguns já concretizados e, outros, em via de se concretizarem), assim como a possibilidade de posterior encerramento do aeroporto da Portela permitirá libertar uma vasta área no espaço da Alta de Lisboa, com enorme potencial de urbanização.
Mas, a estes motivos de ordem económica, acrescem motivos de natureza política, dado o momento em que este adiamento acontece: António Costa deixa de ser importunado, na campanha das eleições intercalares de Lisboa, com a questão comprometedora da Ota, o que retira argumentos aos adversários e atenuam a implicação de Costa com São Bento (desde que ganhou com maioria absoluta nas legislativas de 2005, o PS só acumula derrotas eleitorais); Sócrates exerce a presidência da UE com menor pressão social e mediática, diminuindo também a probabilidade de ter ministros seus, e outros socialistas, a brilharem na galeria de disparates proferidos em declarações públicas; e, por último mas não menos importante, pode ser que, entretanto, a débil economia do país melhore até ao fim do ano.
Esta é a maneira de governar o "interesse público" e, para o futuro novo aeroporto, proponho que se designe de «Aeroporto da (Aned)Ota», tão hilariantes estão a ser os contornos da sua concretização. Entretanto, faça-se uma semestral pausa; a (bat)Ota segue dentro de momentos!

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segunda-feira, junho 11, 2007

Breves notas e diatribes (4)


1. Li na imprensa escrita que há vários médicos de hospitais públicos que invocaram a objecção de consciência para, face à alteração legislativa, não fazerem abortos a pedido da mulher. Assiste-lhes esse direito, bem como ao SNS e à Inspecção-Geral de Saúde assiste o dever de estarem atentos e vigilantes sobre tais objectores: é que, por um qualquer passe de magia financeira, podem deixar de ter problemas de consciência ao praticarem abortos nos privados...




2. O semanário «Sol» incluiu Armando Vara no painel de "empresários" inquiridos acerca do tema da moda: a localização do novo aeroporto, Ota ou Alcochete. Deixo uma sugestão aos solares jornalistas do arquitecto Saraiva: da próxima vez, e porque dão voz a tão respeitados especialistas nas matérias objecto de inquirição, não deixem de incluir Lili Caneças entre os paineleiros!



3. Não gosto dos ímpetos autocráticos e antidemocráticos de Hugo Chavez, mas fico perplexo com o coro internacional de vozes que acusam o presidente venezuelano de estar a subverter os ditames da democracia no seu país, quando anteriormente estes críticos (mais cínicos que críticos!) não vociferaram minimamente contra o Chile de Pinochet ou o actual atropelo às liberdades cívicas no México. Que eu saiba, estes países também são da América latina!
Chavez é um populista, mas o seu problema é outro: é não ser um populista com o beneplácito da administração de Washington e governar uma considerável reserva de petróleo!

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Primum vivere deinde philosophare - 49

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domingo, junho 10, 2007

Falta cumprir Portugal!

Hoje comemora-se pela trigésima vez o «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas» - assim foi decretado, em 1977, pelo Governo de então. Antes, durante o período infeliz de meio século de Estado Novo, o 10 de Junho era equivocamente proclamado como o «dia da raça», como se a nação lusa pudesse constituir, por si, uma raça: por um lado, diversos foram os povos que ocuparam a península, mesmo antes da fundação da nacionalidade (1143); por outro, é secular a diáspora que se iniciou após os Descobrimentos, com a inevitável miscigenação que ocorreu - o que esta raça tem de puro é, e ainda bem, a pureza da mestiçagem!
864 anos depois da inauguração por Afonso I, o Portugal que hoje existe reflecte uma preocupante atitude colectiva pautada por um débil sentido de responsabilidade cívica, baixo grau de exigência e de auto-estima, fruto de um apático e acrítico exercício de cidadania e de uma mentalidade subserviente e cobarde que teima em não guardar na memória os erros do passado. Os portugueses têm mais vocação de escravos, senão vejam-se os quase nove séculos de subordinação aos autocráticos caprichos monárquicos e ditatoriais, cujas reminiscências se traduzem nas coevas nostalgias por tempos de opressão (quem nunca ouviu dizer que "no tempo de Salazar é que era bom"?). Persiste, portanto, uma atitude de não reconhecimento dos problemas, que se imputam a terceiros, num locus de controlo externo ou freudiana racionalização que justifica os fracassos e moraliza as derrotas, mesmo quando se sabe não terem sido encetados os mais tímidos esforços para alcançar o que seria desejável.
Apesar disso, e num deslumbramento mimético importado de outras nações, que serve de refrigério e alento para consumo interno, o Presidente que há simula a abundância de heroísmo e voluntarismo pátrios distribuindo medalhas e comendas, como quem dá milho aos pombos ou oferta chocolate belga, numa vã glória de comendadores que estimula o reforço da ufana vaidade. A Camões não lhe chegou ser o maior poeta universal dos épicos Lusíadas, para evitar morrer na miserável solidão e na ingratidão do abandono, de nada valendo as palavras amarguradas da estrofe que no canto IX canta:
"E ponde na cobiça um freio duro,
E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro;
Verdadeiro valor não dão à gente.
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possui-los sem os merecer."
Tantos séculos de história e de desbaratadas aventuras revelam-se, afinal, insuficientes para uma construção consistente como povo civilizado e na vanguarda de valores convivenciais básicos. As urbes lusas são um caótico traçado de desalinhado betão que acinzenta a paisagem, ruas pejadas do lixo que tropeça nos passos dados, esgotos a céu aberto, águas contaminadas pela incúria e pelo desleixo, passeios povoados pelos carros que, nas estradas, pelejam entre si em mecânica e veloz guerra civil; espaços verdes descuidados, zonas naturais degradadas, cobertas de entulho, devoradas pelas chamas da incúria, invadidas por projectos que, de interesse nacional, têm a força corruptiva do capital... Merece um povo assim o privilégio do Sol que o acolhe?
A humana matéria denota o defeito já genético do atavismo, havendo um claríssimo desrespeito pela liberdade do outro, valor manchado pela ancestral tradição de nacional «bufaria» que, remontando aos sórdidos tempos da «Santa» Inquisição católica e atravessando o católico Estado Novo - triste povo acomodado na inculta e iletrada crendice de pagãs litanias disfarçadas de religião! -, 33 anos de democracia não conseguiram erradicar. As estórias de delação na sociedade e na administração são marcas vergonhosas da pidesca subserviência, do subdesenvolvimento cívico, da inveja congénita e da paroquial vontade de simultaneamente mandar e agradar à mesquinhez dos vis proveitos e vantagens. Porém, quando a delação se torna um dever cívico, é a cobarde pusilanimidade que se apropria desta lastimosa forma de agir, dando desprezível cobertura à violência doméstica, ao trabalho infantil e a tantas outras formas de corrupção activa e passiva.
É este o país em que a justiça é inócua e injusta na sua escandalosa ineficiência, ineficácia e obscena morosidade, cooperando com a iníqua impunidade que protege os privilegiados que desgovernam e violam as leis que, segundo muitos, são das melhores do mundo! É este o país que agora vislumbra nos funcionários públicos uma casta de inúteis e uma estirpe de criminosos que vampirizam o erário público, classe de privilegiados a eliminar por ofenderem o esplendor e o deslumbramento da exemplaridade do sector privado, paradigma de virtudes e modelo de cumprimento à prova de evasão fiscal ou exploração laboral, sem mácula que se lhe detecte... É este o país que indemniza levianamente ou recompensa com torpe desonestidade legiões de ministros, secretários de Estado, assessores, directores-gerais e administradores, pagando-lhes, despedindo-os ou exonerando-os com milhões de euros, cargos sobre-remunerados e reformas douradas; e, em contrapartida, é este o mesmo país que faz a pública apologia do sacrifício colectivo e da falência do modelo social do Estado providência, sobrecarregando os cidadãos com uma das mais elevadas tributações que a Europa conhece, retirando-lhes direitos sociais elementares na Educação, na Saúde, na Segurança Social, na Justiça ou na Segurança, diminuindo-lhes drasticamente o poder de compra com a baixa de salários e pensões, e exigindo-lhes mobilidade e flexibilidade máximas... É este o país que assim acautela a qualidade de vida de todos os seus concidadãos e que potencia o desejo das novas gerações em emigrar, não descortinando quaisquer oportunidades de subsistência nesta desditosa pátria!
A julgar pelo desastre que é o actual sistema de Ensino, ainda mais destruído com as recentes «reformas», Portugal é uma nação sem futuro risonho, que tarda em aprender pela longa biografia que já tem, de facto reformada pela obsolescência da história, aniquilando os anseios dos "egrégios avós". Será composta de uma invariável elite que continuamente se perpetuará nos gabinetes decisórios, eleita por uma imensa multidão de gente acéfala e obediente, cujo horizonte se esgota na posse rápida, imediata e sem esforço, orientada no manipulatório desiderato do alienante consumo.
Agora, nem de traineiras se fazem os "heróis do mar" e, como Pessoa escreveu (também ele reconhecido postumamente), 864 anos depois ainda "falta cumprir-se Portugal!" A esperança pode ser a última coisa a morrer, mas... morre!

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sexta-feira, junho 08, 2007

Legendar o silêncio icónico (51)

Há gestos que questionam o significado de «civilização»!
(A inversa proporção entre posse e amizade fraterna!)

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O «rendez-vous» dos poderosos

A ONU integra 192 Estados-membros, mas o poder de decisão sobre as políticas económicas mundiais e a capacidade de interferência no mercado globalizado reduz-se a apenas 8, por aqui se vendo como são obscenas quer a redistribuição da riqueza no mundo, quer a correlativa concentração de riqueza nas mãos de uns poucos: fruto do neoliberalismo vigente, há cada vez menos que têm mais, por contraste com os cada vez mais que têm menos. Ora, o G8 é o grupo dos 8 países mais ricos e, indissociavelmente, são dos que mais poluem o planeta e, paradoxalmente, mais apregoam a necessidade de tomar medidas para acabar com a poluição.
Na verdade, em mais esta cimeira do G8, iniciada ontem, trata-se de chegarem a um acordo sobre a forma como hão-de continuar a tirar partido económico do desastre ambiental decorrente das alterações climáticas, em tudo perspectivando uma oportunidade de valioso negócio. Não se estranhe, pois, que na declaração final da cimeira de Heiligendamm (Alemanha) não se referencie quaisquer limites de emissão de gases que estão na origem do aquecimento global.
Como de boas intenções está o G8 cheio, basta dizer que, embora os oito países mais poderosos produzam 47% das emissões de CO2, a sua vontade de, por exemplo, procurar energias alternativas aos combustíveis fósseis é muito relativa e está aquém do necessário. E, apesar de, na anterior cimeira de Gleneagles (Escócia), o G8 ter já reconhecido o aquecimento global como efeito da emissão de gases produzidos pela actividade humana, o certo é que nada faz para inverter o caminho e, pelo contrário, até continua complacente perante o parceiro que mais polui, os Estados Unidos: Bush já há muito confessou que a implementação do Protocolo de Quioto nos EUA representaria uma grande ameaça para a economia do seu país; ou seja, os EUA estão dispostos a pôr em risco todo o planeta para salvaguardar a prosperidade da economia americana. Como cínica manobra dilatória, o cowboy do Texas fala agora num plano conjunto até 2050! Se a soberba matasse, o inquilino da Casa Branca já teria falecido...
Antes do G8 tivemos, durante muito tempo, o G7, o que quer dizer que - supondo que a Terra não se converte entretanto em inóspita residência para seres vivos - um caracol é veloz se comparado com o tempo necessário para se chegar ao... G192!

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Humores # 9

1. A esposa vê-se ao espelho e diz ao marido: "Estou tão feia, gorda e mal feitinha... Preciso de um elogio!"
E, em lacónico acto contínuo, responde o marido: "Tens muito boa visão..."
2. Uma adolescente chega a casa e diz à mãe: "Mamã, estou grávida!"
A mãe, atónita e como se levasse um soco no estômago, sem saber como reagir, pergunta perplexa: "Mas, filha, onde é que tu estavas com a cabeça?"
Ao que a filha responde: "Em cima do volante, mãe... Mas o que é que isso interessa?"
3. Ao parar no semáforo, aparece à janela do carro um miúdo implorando: "Por favor, dê-me uma moedinha para eu comprar uma sandes..."
Replica o condutor sobranceiramente: "Não dou, já são oito da noite e depois ficas sem fome para jantar!"
4. Diz o mecânico ao cliente: "Não consegui afinar os travões, por isso aumentei o som da buzina!"

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quinta-feira, junho 07, 2007

Legendar o silêncio icónico (50)

Celebrar o Dia do Corpo de Deus(a)!
(Há coisas fantásticas, não há?)

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Legendar o silêncio icónico (49)

Parece não haver melhor ponto de apoio!
(O sorriso é de indisfarçável satisfação e prazer!)

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A nova «guerra fria»

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou ontem voltar a apontar mísseis para alvos na Europa, no caso de os Estados Unidos concretizarem o seu plano de instalação de dez mísseis interceptores na Polónia e um radar de detecção na República Checa. Aliás, alguns países de leste (antigos membros do extinto Pacto de Varsóvia) que recentemente aderiram à União Europeia - designadamente a Polónia, a Hungria e a República Checa - têm sido pródigos em arranjar problemas à implementação de uma política externa consistente da UE, dado o alinhamento por sua conta e risco com os norte-americanos: os traumas herdados das décadas de subordinação ao jugo soviético parecem estar a sublimar-se...
Assim se ressuscita um clima de «guerra fria» que o mundo sob influência hegemónica unipolar afinal não extinguiu. Mas agora é pior, pois a Europa converte-se no epicentro do fogo cruzado entre EUA e Rússia e, o que é ainda mais grave, com o silêncio, imobilismo e impotência dos governantes europeus. Como é possível que Bruxelas não imponha a polacos e checos a ameaça de expulsão da UE, se persistirem em funcionar como teimoso íman de ameaça militar externa?
Por outro lado, é no mínimo suspeito que os EUA proponham a colocação de mísseis na Polónia e não, por exemplo, na Grécia ou na Itália, o que seria mais enquadrável numa lógica estratégica de suposta defesa europeia perante a ameaça de mísseis vindos do Irão ou da Coreia do Norte. Em rigor, os EUA querem é revitalizar o mercado de armamento (de que são os maiores produtores e exportadores mundiais) que tanto lucro lhes dá; após tantas negociações para diminuir o arsenal nuclear, e não havendo actualmente uma ameaça concreta que justifique esta paranóia bélica, Bush persiste na deriva beligerante. O Tratado de Redução de Armas Convencionais, celebrado em 1990, estava até em fase de ratificação numa versão mais recente...
Com efeito, a instalação do sistema anti-míssil americano não visa defender a Europa, mas eventualmente o território norte-americano e impor à Europa a continuidade da aliança atlântica e da «pax americana» sobre o mundo, com os resultados nefastos que temos conhecido. A Europa é há muito um pobre peão no xadrez malévolo e concentracionista do imperialismo do Tio Sam, arrastado como território refém das políticas iníquas e ignóbeis do falso "amigo americano", cuja deslealdade agora se comprova ao fazer do velho continente o novo escudo de defesa dos interesses do país de Bush. Nunca se pensou que os juros a pagar pelo Plano Marshall fossem vitalícios, de tão onerosos que são! Neste triste cenário, a ONU continua moribunda, irreversivelmente desde Março de 2003, ferida de morte pela prepotência unilateral dos EUA no Iraque e falindo na defesa efectiva do direito internacional.
Depois do mundo bipolar da «guerra fria» e do período unipolar que lhe sucedeu, assistimos hoje à tentativa de edificação de um mundo multipolar: para além dos EUA e da Rússia (que renasce «putinizada» das cinzas), vemos aparecerem potências regionais como a China, a Índia, o Brasil e o Irão... É isto que Washington parece também temer. E, da sua parte, a Rússia aproveita a conjuntura para demarcar o seu território de influência e reafirmar-se como potência militar e económica: os EUA vivem uma fase recessiva em termos de credibilidade mundial e de capacidade de influência, ganhando Putin pontos face a uma administração Bush desnorteada e enterrada nos atoleiros iraquiano e israelo-palestino (impossível reunir figuras tão patéticas na Casa Branca!).
Entretanto, o imperialismo americano vê o domínio do mundo como um direito seu e não permite que nenhuma outra nação o desafie. Enquanto houver vontade hegemónica de poder, não haverá lucidez para perceber que com terrorismo não se acaba o terrorismo; e, sobretudo, que não é com guerra que se faz a paz!

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quarta-feira, junho 06, 2007

Semântica do sexo

Para o médico: doença, porque acaba sempre na cama.
Para o psicólogo: trauma, porque há sempre quem fica em baixo.
Para o arquitecto: erro de projecto, porque a zona de lazer fica muito próxima da área do saneamento.
Para o político: genuíno acto democrático, porque todos gozam independentemente da posição.
Para o economista: efeito perverso, porque entra mais do que o que sai e, às vezes, nem se sabe bem o que é activo, passivo ou se há valor acrescentado.
Para o contabilista: exercício perfeito, porque entra o bruto, faz-se o balanço, tira-se o bruto e fica o líquido; e, em alguns casos, pode ainda gerar dividendos.
Para o matemático: equação perfeita, porque a mulher coloca a unidade entre parêntesis, eleva o membro à potência máxima e extrai-lhe o produto reduzindo-o à sua mínima expressão.

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terça-feira, junho 05, 2007

Crónica de uma greve fracassada

Uma greve é um instrumento de luta que se deve utilizar apenas como último recurso, quando toda a negociação se esgotou e as condições da sua realização sejam favoráveis. Porém, o autismo e o capricho irrealista do Comité Central do PCP impôs à CGTP uma greve geral, no passado dia 30, sem auscultar convenientemente as forças vivas do mundo laboral e sindical (providenciando e instaurando previamente as necessárias dinâmicas de adesão e a indispensável propedêutica de consciencialização nos trabalhadores da pertinência, necessidade e oportunidade da greve), mormente se a greve é «geral».
Mera chicana de satisfação de estratégias partidárias que ignorou a realidade, o fracasso desta greve geral era tão previsível quanto precipitada e, para tal desaire, não basta invocar as soezes coacções do governo e/ou do patronato, ou o alheamento da UGT. A convocação de greves e manifestações deve ser sempre vertical e ascendente: da base (os trabalhadores) para o topo (organizações sindicais e partidárias), caso contrário não é sustentável e, como aconteceu, pode até ser contraproducente, abrindo feridas que demoram a cicatrizar e que comprometem o impacto positivo e o sucesso reivindicativo de anteriores greves e manifestações.
Com efeito, o mais grave no insucesso da greve geral do dia 30 é que, para além de ter debilitado ainda mais o poder e a credibilidade do movimento sindical, proporcionou ao governo e ao patronato um pretexto inoportuno para a continuação do espezinhamento, desprezo e aniquilação dos direitos laborais - que com tantos sacrifícios custaram a conquistar! -, materializada em medidas políticas e práticas empresariais socialmente insensíveis e crueis e que limitam preocupantemente a margem de manobra reivindicativa dos trabalhadores. Era bom que Jerónimo de Sousa e seus pares comunistas tomassem a responsável consciência de que os revolucionários do século XX padecem de anacronismo; e os do século XXI, para não correrem o risco de serem inócuos aventureiros que pregam no deserto, não devem ter os pés a descoberto e fora das novas realidades capitalistas que envolvem o mundo laboral.
Cada vez mais, mais CGTP passa por menos PCP!

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domingo, junho 03, 2007

Ipsis verbis [4]

«Quando o governo afirma que vai racionalizar, reformar, isso cala nas pessoas. Mas, num segundo plano, há a sensação muito forte de retracção, de perda. Seja o encerramento de maternidades e urgências, seja o pagamento de cirurgias e internamentos ou as notícias de que muitos profissionais estão a deixar o sector. Há um contraste entre o sector privado que se expande e o público que fecha. (...) O sector privado tem o seu lugar mas, se o Estado não tiver um sector público de qualidade e suficientemente extenso, nem conseguirá regular o privado. As pessoas não podem compreender que maternidades públicas tenham de fechar por fazerem menos de 1500 partos por ano e que funcionem privadas que só fazem 300 ou 400 partos...»
- ex-Director-Geral de Saúde (durante um governo PS), Constantino Sakellarides, in «Visão» nº 743

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sexta-feira, junho 01, 2007

Início da época balnear

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Dia Mundial da Criança


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