domingo, setembro 21, 2008
sexta-feira, agosto 15, 2008
sábado, agosto 09, 2008
Algumas churchillianas
1. Quando Churchill completou 80 anos, consta que um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e lhe terá dito:
- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos!
Resposta de Churchill:
- Por que não? Você parece-me bastante saudável...
- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos!
Resposta de Churchill:
- Por que não? Você parece-me bastante saudável...
2. Convite por telegrama de Bernard Shaw a Churchill:
Tenho o prazer e a honra de convidar Sua Excelência, Primeiro-Ministro, para a apresentação da minha peça «Pigmaleão». Venha e traga um amigo, se o tiver. Bernard Shaw
Resposta por telegrama de Churchill a Bernard Shaw:
Agradeço ao ilustre escritor o honroso convite. Infelizmente, não poderei comparecer na primeira apresentação. Irei à segunda, se a houver. Winston Churchill
Tenho o prazer e a honra de convidar Sua Excelência, Primeiro-Ministro, para a apresentação da minha peça «Pigmaleão». Venha e traga um amigo, se o tiver. Bernard Shaw
Resposta por telegrama de Churchill a Bernard Shaw:
Agradeço ao ilustre escritor o honroso convite. Infelizmente, não poderei comparecer na primeira apresentação. Irei à segunda, se a houver. Winston Churchill
3. O general Montgomery estava a ser homenageado, depois de vencer Rommel numa batalha em África, durante a Segunda Guerra Mundial.
Parte do discurso deste general:
- "Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói."
Churchill ouviu o discurso e consta que, não sem inveja, retorquiu:
- "Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."
Parte do discurso deste general:
- "Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói."
Churchill ouviu o discurso e consta que, não sem inveja, retorquiu:
- "Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."
4. Consta também que, num dos seus profícuos discursos durante um debate no Parlamento inglês, Churchill terá sido interrompido por uma deputada da oposição. Ora, todos sabiam que Churchill não gostava de ser interrompido, mas foi dada a palavra à deputada, que disse, alto e bom som:
-"Sr. Primeiro-Ministro, se V. Exa. fosse o meu marido, punha-lhe veneno no chá!
Churchill, com muita calma, tirou os óculos e, depois de uns minutos de silêncio expectante na ilustre assembleia, em que todos estavam suspensos da resposta, exclamou tranquilamente:
- "E se eu fosse o seu marido, tomava-o de imediato!"
-"Sr. Primeiro-Ministro, se V. Exa. fosse o meu marido, punha-lhe veneno no chá!
Churchill, com muita calma, tirou os óculos e, depois de uns minutos de silêncio expectante na ilustre assembleia, em que todos estavam suspensos da resposta, exclamou tranquilamente:
- "E se eu fosse o seu marido, tomava-o de imediato!"
Etiquetas: Sociedade
quarta-feira, agosto 06, 2008
domingo, agosto 03, 2008
Cadeira abençoada
Faz hoje 40 anos que Salazar caiu de uma frívola cadeira de praia e bateu com a granítica cabeça no chão igualmente rijo do Forte de Santo António do Estoril, quando se preparava para tratar dos calos. Se o beato de Santa Comba era já um mentecapto, pior ficou após mais esta manifestação de desequilíbrio - bom seria se desde novo tivesse tratado dos outros calos, os mentais, que sempre lhe nublaram o juízo e enrijeceram a sensibilidade.
Este memorável acontecimento só pecou por tardio, obrigando a uma opressiva agonia de quase meio século imposta ao país, que ainda hoje, 34 anos depois da «revolução dos cravos», se insinua e observa em muitos comportamentos, atitudes e estereótipos dos portugueses. Mas mais vale tarde do que nunca e mesmo que por inconsciente e involuntária debilidade de uma inanimada cadeira de praia, a qual deveria ser para sempre conservada no Panteão Nacional e receber da presidencial criatura uma qualquer comenda de 10 de Junho.
A propósito, onde pára essa cadeira abençoada, que bem daria para atracção principal do acervo do desejado museu a Salazar na sua terra natal?
Etiquetas: Sociedade
sexta-feira, julho 25, 2008
A banhos
O céu, azul de luz quieta,
No piano anónimo da praia
Que bom, se isto satisfizesse!
Fernando Pessoa
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa -
Pontos de dedos a brincar.
Pontos de dedos a brincar.
No piano anónimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.
Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.
Fernando Pessoa
Etiquetas: Poesia
quarta-feira, julho 23, 2008
A teia cigana
Confesso: sou alérgico ao atavismo e ao auto-isolamento característicos da generalidade das comunidades de etnia cigana, reiterado novamente pelo recente episódio no bairro social da Quinta da Fonte, em Loures. Como convicto interculturalista que sou, lamento que uma etnia, grupo social ou comunidade preserve incondicionalmente as suas raízes, práticas e costumes culturais, mesmo que obsoletos, anacrónicos e implicando um enclausuramento voluntário e unilateral face à sociedade envolvente.
Os ciganos, em geral, demoram a perceber que é possível e desejável possuir abertura de espírito para assimilar modelos de comportamento mais amplos e abrangentes, sem com isso descurar os traços essenciais da identidade normativa e axiológica da sua comunidade de origem. É incompreensível persistirem em hábitos de vida retrógrados, qual teia, como sejam a formação de autênticos clãs, o patriarcalismo sexista, a inflexibilidade nos papéis sociais atribuídos, a imposição da iliteracia, endogamia e maternidade precoce às suas jovens raparigas, ou a herança de um imobilismo profissional e socialmente estático, alheado de imperativos de formação escolar e académica... Tanto mais quando, ao que julgo perceber, o sedentarismo tem vindo a substituir o anterior nomadismo típico dos modelos de vida da diáspora original.
Afinal, não é só à sociedade que acolhe que cabe fazer um esforço de integração, mas também e incontornavelmente aos grupos acolhidos - e de esforço se trata, pois a tolerância activa para aceitar e integrar as diferenças exige uma vontade efectiva e uma disponibilidade sincera e cosmopolita, que, por imperativos de padrão cultural, não é espontânea. Se os ciganos não querem ser discriminados nas «quintas das fontes» em que coabitam, dêem-se ao trabalho de não discriminar os maioritários outros com quem têm, seguramente, o direito de (con)viver e coexistir!
Ah! E antes de abandonarem a Quinta da Fonte e exigirem mordomias imobiliárias ao autarca de Loures, paguem as módicas rendas em dívida, de 4€ mensais! Haja paciência...
Etiquetas: Sociedade
sexta-feira, julho 18, 2008
Qunu (África do Sul), 18.07.1918
A dignidade de um homem e o seu valor como pessoa aferem-se pela acção e pelas práticas concretas que em biografia se inscrevem no contexto do tempo que lhe coube viver. Nelson Mandela é um dos grandes homens que a História testemunha e é uma felicidade ser contemporâneo de alguém assim. Hoje faz 90 anos de idade: Parabéns!
«our deepest fear is not that we are inadequate.
our deepest fear is that we are powerful beyond measure.
it is our light, not our darkeness, that frightens us.
we ask ourselves: who am i to be brilliant, gorgeous, talented and fabulous?
actually, who are you not to be?
there is nothing enlightened about shrinking so that other people won't feel insecure around you.
your playing small does not serve the world.
and when we let our own light shine, we unconsciously give other people permission to do the same.»
Etiquetas: Sociedade
terça-feira, julho 15, 2008
Humores # 22
1. José Sócrates, numa das suas múltiplas visitas a escolas consideradas «modelo», onde foi distribuir uns computadores, resolveu formular um problema aos alunos, mas desta vez parece que sem ter havido casting prévio...
- Meninos, tenho um problema para vocês resolverem. Quem acertar na solução ganha um computador que eu próprio ofereço! Então, é assim: um avião saiu de Amesterdão com uma velocidade de 800 km/h; a pressão era de 1.004,5 milibares; a humidade relativa era de 66% e a temperatura 20,4 ºC. A tripulação era composta por 5 pessoas e a capacidade era de 45 lugares para passageiros; a casa de banho estava ocupada e havia 5 hospedeiras, mas uma estava de folga. A pergunta é: quantos anos tenho eu?
Os alunos ficaram assombrados e o silêncio era total. A professora ficou estupefacta. É então que o Joãozinho, lá no fundo da sala e sem levantar a mão, diz de pronto:
Os alunos ficaram assombrados e o silêncio era total. A professora ficou estupefacta. É então que o Joãozinho, lá no fundo da sala e sem levantar a mão, diz de pronto:
- Você tem 46 anos, senhor inginheiro!
José Sócrates, surpreendido, fita-o e diz:
- Caramba, acertaste em cheio! Vou dar-te o computador, pois eu tenho mesmo 46 anos. Mas como chegaste a esse número, rapaz?
E Joãozinho replica, com convicta serenidade:
- Bem, foi muito fácil! Foi uma dedução lógica, porque eu tenho um primo que é meio parvo e tem 23 anos...
2. O marido, ao chegar a casa, diz à mulher:
- Querida, hoje vou amar-te!
Responde a mulher:
- Quero lá saber... Até podes ir a Júpiter, desde que me deixes dormir!
- Caramba, acertaste em cheio! Vou dar-te o computador, pois eu tenho mesmo 46 anos. Mas como chegaste a esse número, rapaz?
E Joãozinho replica, com convicta serenidade:
- Bem, foi muito fácil! Foi uma dedução lógica, porque eu tenho um primo que é meio parvo e tem 23 anos...
2. O marido, ao chegar a casa, diz à mulher:
- Querida, hoje vou amar-te!
Responde a mulher:
- Quero lá saber... Até podes ir a Júpiter, desde que me deixes dormir!
Etiquetas: Rubricas
sábado, julho 12, 2008
José Patinhas Sócrates
O primeiro-ministro vai taxar em 25% os lucros especulativos que há vários meses as empresas petrolíferas vêm obscenamente acumulando por efeito das mais-valias associadas ao efeito de stock, estimando com isso que os cofres do Estado arrecadem 100 milhões de euros que serão destinados ao financiamento de políticas sociais que apoiem os mais pobres. Num comentário sobre esta medida, apresentada com o invariável aparato coreográfico e cénico - desta vez perante os directos televisivos no parlamentar debate do «estado da nação» -, bem poderíamos dizer que Sócrates é um altruista de última hora e que, finalmente, despertou para a vergonhosa situação de injustiça social que o seu governo aprofundou. Mas é puro engano!
O «engenheiro» debita mentiras sucessivas com um ar sério de convicção generosa e de moralista solidário. Alguns exemplos recentes: os carros movidos a electricidade a serem comercializados em breve pelo consórcio Renault-Nissan terão uma redução de 30% em impostos, quando se sabe que - e bem! - tais viaturas estão isentas de imposto; aponta números de cidadãos abrangidos pela sua súbita generosidade, quando se sabe que é mais reduzido o universo dos mesmos (entre pensionistas, estudantes, famílias com baixos recursos, utentes de transportes públicos, etc.) que beneficiarão de tais alívios fiscais; e agora veste o traje de Robin Hood com argumentos de um João Sem Terra.
Com efeito, e feitas as contas sem a hesitação guterrista, Sócrates reconhece oficialmente que a especulação em torno do ouro negro rende às petrolíferas cerca de 400 milhões de euros e apenas vai cobrar 25%. Isso não é, segura e honestamente, forma de moralizar a situação, antes alinhando no embuste, pois as empresas em apreço ficarão com 75% da especulação, ganhos cujo mérito é nulo, o que faz com que a imoralidade compense! Outros países optaram por uma tributação dessas mais-valias entre 40 a 60%, num pertinente paralelo com a tributação das mais-valias associadas à mudança do uso do solo. No mínimo, o pouco robinesco Sócrates podia e devia aplicar uma taxa respectiva de 50%.
Talvez por isso, no debate parlamentar de anteontem, tenha disfarçado ter sido desmascarado por Francisco Louçã com uma encenação de virgem ofendida pela contundente intervenção do bloquista - Sócrates despreza a verdade e odeia que chamem os bois pelos nomes. Não, quem está mais perto dos Tios Patinhas não pode ser candidato a Robin dos Bosques!
Etiquetas: Política
quinta-feira, julho 10, 2008
terça-feira, julho 08, 2008
Apito atrapalhado
Comédia ou thriller, o certo é que, depois das versões «dourado» e «final», temos agora o «apito atrapalhado», designação que bem podia nomear a indecorosa trapalhada criada pelo presidente do Conselho de Justiça da FPF, Gonçalves Pereira (como pode alguém ser juiz com comportamentos assim!?), que encerrou uma importante reunião decisória antes de esgotada a ordem de trabalhos e porque o quórum lhe era desfavorável. Além disso, declarou o impedimento de um dos cinco vogais do CJ, quando ele próprio é suspeito de parcialidade em favor de um dos recorrentes e, logo, mais incompatível do que Gonçalves Pereira é difícil vislumbrar...
No meio do tiroteio provocado por tantas jogadas de bastidores aparece Gilberto Madaíl que, pasme-se, se mostrou surpreendido com o imbróglio gerado, exímio que é em deixar-se ultrapassar pelos acontecimentos e prestando-se ao negligente e patético papel de assobiar para o lado, como se nada tivesse a ver com a contenda. Enquanto uns ganham, outros limitam-se a «empatar»!
Pela enésima vez, a promiscuidade de interesses nos órgãos jurisdicionais e disciplinares desportivos, mormente no futebol, revela-se uma aberração que persiste graças à voluntária cumplicidade e favorecendo os mais fortes: num passado recente, Leça FC e Gil Vicente FC foram inapelavelmente despromovidos de divisão na secretaria por ilícitos que também são praticados pelos clubes de maiores dimensões - por aqui se vê que a lei é a mesma para todos, desde que os poderosos não deixem de ser beneficiados. A separação de poderes parece ser um princípio ainda desconhecido das leis desportivas, o que atesta a menoridade da justiça desportiva em relação à justiça civil dos tribunais públicos (que, de si, é já sofrível). Aliás, um clube recorrer para os tribunais administrativos significa despromoção automática, pelo menos para a arraia miúda como o clube de Barcelos. Para quando a seriedade de instituir um Tribunal Desportivo?
Em Portugal, já não interessa o crime do criminoso mas antes o processo de apuramento da culpa e autoria do crime: deixou de estar em causa a corrupção de árbitros por dirigentes, passando a pretextar-se a ilegalidade das justas sentenças dadas em função de escutas telefónicas; já não interessa que o CJ seja favorável à decisão da CD da Liga, mas sim apurar o teor de actas e a legalidade de reuniões menos ortodoxas... É como se o importante fosse o papel em que se escrevem as leis e não a própria lei.
Com tanta «fruta» a nutrir o futebol em Portugal, não admira que tantos maus exemplos «frutifiquem»!
No meio do tiroteio provocado por tantas jogadas de bastidores aparece Gilberto Madaíl que, pasme-se, se mostrou surpreendido com o imbróglio gerado, exímio que é em deixar-se ultrapassar pelos acontecimentos e prestando-se ao negligente e patético papel de assobiar para o lado, como se nada tivesse a ver com a contenda. Enquanto uns ganham, outros limitam-se a «empatar»!
Pela enésima vez, a promiscuidade de interesses nos órgãos jurisdicionais e disciplinares desportivos, mormente no futebol, revela-se uma aberração que persiste graças à voluntária cumplicidade e favorecendo os mais fortes: num passado recente, Leça FC e Gil Vicente FC foram inapelavelmente despromovidos de divisão na secretaria por ilícitos que também são praticados pelos clubes de maiores dimensões - por aqui se vê que a lei é a mesma para todos, desde que os poderosos não deixem de ser beneficiados. A separação de poderes parece ser um princípio ainda desconhecido das leis desportivas, o que atesta a menoridade da justiça desportiva em relação à justiça civil dos tribunais públicos (que, de si, é já sofrível). Aliás, um clube recorrer para os tribunais administrativos significa despromoção automática, pelo menos para a arraia miúda como o clube de Barcelos. Para quando a seriedade de instituir um Tribunal Desportivo?
Em Portugal, já não interessa o crime do criminoso mas antes o processo de apuramento da culpa e autoria do crime: deixou de estar em causa a corrupção de árbitros por dirigentes, passando a pretextar-se a ilegalidade das justas sentenças dadas em função de escutas telefónicas; já não interessa que o CJ seja favorável à decisão da CD da Liga, mas sim apurar o teor de actas e a legalidade de reuniões menos ortodoxas... É como se o importante fosse o papel em que se escrevem as leis e não a própria lei.
Com tanta «fruta» a nutrir o futebol em Portugal, não admira que tantos maus exemplos «frutifiquem»!
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segunda-feira, julho 07, 2008
Legendar o silêncio icónico (85)
A câmara de horrores da educação em Portugal!
(E, nesta bizarra caderneta, ainda há cromos em falta...)
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sábado, julho 05, 2008
Fingir um debate
Não será preciso fazer um grande esforço de atenção para se perceber que, na pretérita 4ª feira, a RTP concedeu ao presumível engenheiro que é primeiro-ministro uma hora de tempo de antena disfarçada de entrevista política. Mais uma vez, os títeres de serviço foram José Alberto Carvalho e Judite de Sousa, serventes da vaidade pública de um governante exímio em propaganda e, mais do que jornalistas, concluo que aqueles se limitaram a ser actores numa encenação de qualidade duvidosa.
Para ilustrar o que digo, e como exemplo do insatisfatório exercício de interpelação feito a José Sócrates, atente-se no momento em que a esposa do presidente da Câmara de Sintra pergunta ao chefe do executivo se acha que a descida de 1% no IVA irá ter um "impacto positivo junto dos consumidores". Ora, que responde o inquilino de São Bento? Começa por recorrer ao tique imperativo do costume - "ouça..." - e acrescenta triunfante que "... negativo é que não tem"! Ou seja, na useira retórica tosca de quem, à falta de razões válidas, argumenta com o claro propósito de iludir e esconder a verdade (de que 1% de descida do valor do IVA não tem um impacto perceptível), o que Sócrates pretendeu foi fazer passar a ideia falaciosa de que, se algo não tem um impacto negativo, então tem um impacto positivo, o que nem sempre corresponde à verdade, como é o caso em apreço da descida do IVA de 21% para 20%.
Perante esta habilidosa estratégia manipulatória de opiniões mais desatentas, nem Carvalho nem Judite retorquiram, o que claramente parece indiciar que o objectivo do tempo de ant..., perdão, da entrevista era consumar a glorificação do entrevistado e não propriamente contribuir para o esclarecimento frontal, sério e rigoroso dos assuntos abordados. Sem dúvida, os «jornalistas» servem muitas vezes de bizarros espelhos de ampliação do ufano narcisismo de gatos que querem dar a aparência de leões - permanece, no entanto, a comum atitude felina que não oculta a popular interjeição: «aqui há gato!»
Etiquetas: Política
quarta-feira, julho 02, 2008
Em ninho de cucos / 21
Como se comprova pela notícia, Cavaco Silva foi ao Vaticano reunir com o representante de Deus na Terra. Entre os pontos da ordem de trabalhos constou a regulamentação da Concordata, que isto de amizades é muito bonito mas só se houver alguma compensação que valha a pena, mesmo que os benefícios não sejam tão proveitosos como a Concordata de 1929 com Mussolini - não se entra no céu por dá cá aquela palha nem se fazem discriminações entre ditadores e democratas...
Mas os dois chefes de Estado conferenciaram igualmente sobre o estado do mundo e, nessa conformidade, decerto abordaram a pedofilia do clero católico, as finanças da Santa Sé, a saudade sentida pelo Estado Novo, pelo «dia da raça», por Salazar e o cardeal Cerejeira, pela Inquisição em Portugal e a matança de judeus, hereges, bruxas e homossexuais; isso para não aumentar a latitude dos vaticanos feitos e rememorar a Contra-Reforma, a chacina dos cátaros no Languedoc pelo papa Inocêncio III, o genocídio de culturas na América, em África ou na Ásia, a «Taxa Camarae» com que o papa Leão X ficou para a posteridade como um dos maiores sovinas e ladrões da história, as rentabilíssimas bulas (Cavaco ofereceu mesmo ao papa um exemplar encaixilhado da bula concedida a Afonso Henriques pelo papa Alexandre III) que encheram os sagrados cofres papais, entre tantos outros feitos que abrilhantam e dignificam o esplendor da santa madre igreja católica romana.
Será que Bento XVI mostrou ao nosso presidente as salas e os quartos onde durante séculos se fizeram banquetes e orgias e onde incontáveis papas - como, e só para citar alguns por ordem cronológica, Sotero, Cornélio, João VIII, Adriano III, Romano, Bento IV, Sérgio III, João X, João XI, João XII, Leão VIII, Clemente VI, Alexandre VI, etc. - «paparam» adolescentes, adúlteras e meretrizes? Ou as caves onde se realizaram autos-de-fé e se sentenciaram com a morte milhares de inocentes?
Enquanto se fizerem estas visitas oficiais aos presumíveis e presumidos sucessores de Pedro, há mesmo muitas razões para se falar sobre o estado do mundo!
Etiquetas: Religião
terça-feira, julho 01, 2008
A inenarrável directora da DREN
Margarida Moreira é a conhecida directora da DREN, celebrizada pela sua medonha atitude pidesca ao perseguir um seu subordinado pelas tristes razões conhecidas como «caso Charrua». Daí para cá, nem a sua mudança de visual ocultou a mesma figura sinistra ao serviço da destruição do ensino português sob a batuta do governo. Mas o cartão de militante do PS e a fidelidade canina aos mestres Sócrates e Lurdes têm seguramente alguma coisa a ver com o lugar que ocupa na DREN... As ideias da distinta directora que sucessivamente têm vindo a lume são puras pérolas de ignorância pedagógica, moldadas com a delicadeza da mais pura incompetência.
Desta vez, o país soube que a soberba de Margarida Moreira chegou ao ponto de dar instruções para que, na convocação dos professores correctores dos recentes exames, fossem escolhidos professores que alinhem no facilitismo oficial; asseverou a senhora que: "talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média". Como se vê, para esta ilustre aspirante a pedagoga, os objectivos e a qualidade do sistema educativo resumem-se a estatísticas e, vai daí, a prioridade é eliminar os factores que impedem o conveniente artifício dos números, argumentando, entre outros disparates, que "os alunos têm direito a ter sucesso" - mas, o que diz Margarida Moreira do correspondente e anterior dever que o aluno tem de estudar?
Ou seja, melhorar a qualidade do ensino consegue-se com os professores que se escolhem para corrigir os exames e tudo o resto, inclusivé a capacidade cognitiva dos alunos e a seriedade das aprendizagens, é irrelevante e mero capricho de anacrónicos docentes rigorosos e exigentes e empecilhos das «novas oportunidades».
Com tanto mal que está a fazer ao país, o PS devia ser ilegalizado, a bem da democracia!
Desta vez, o país soube que a soberba de Margarida Moreira chegou ao ponto de dar instruções para que, na convocação dos professores correctores dos recentes exames, fossem escolhidos professores que alinhem no facilitismo oficial; asseverou a senhora que: "talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média". Como se vê, para esta ilustre aspirante a pedagoga, os objectivos e a qualidade do sistema educativo resumem-se a estatísticas e, vai daí, a prioridade é eliminar os factores que impedem o conveniente artifício dos números, argumentando, entre outros disparates, que "os alunos têm direito a ter sucesso" - mas, o que diz Margarida Moreira do correspondente e anterior dever que o aluno tem de estudar?
Ou seja, melhorar a qualidade do ensino consegue-se com os professores que se escolhem para corrigir os exames e tudo o resto, inclusivé a capacidade cognitiva dos alunos e a seriedade das aprendizagens, é irrelevante e mero capricho de anacrónicos docentes rigorosos e exigentes e empecilhos das «novas oportunidades».
Com tanto mal que está a fazer ao país, o PS devia ser ilegalizado, a bem da democracia!
Etiquetas: Política
domingo, junho 29, 2008
Y viva España!
Saludo España por su segundo triunfo en la copa europea, 44 años despues. «La roja» fué, sin duda, la mejor selección en Euro 2008. Y viva España!
Etiquetas: Sociedade
sexta-feira, junho 27, 2008
Justiça esmurrada
Não sou dos que defendem uma regressão indeterminada de causas para explicarem os fenómenos que se vão insinuando na espuma dos dias, nem partilho a visão simplista e redutora dos que atribuem uma ou duas causas para explicarem um facto ou acontecimento. Mas ver que, como ocorreu em Santa Maria da Feira, já nem os magistrados escapam a agressões, em pleno tribunal - que presumo ser um espaço com permanente presença policial -, suscita reservas à efectiva autoridade do Estado e à segurança de pessoas e bens. E não foi um caso isolado, mas mais uma andorinha a esvoaçar num bando que se avoluma nesta Primavera lusa.
Embora a culpa de tal gravoso contexto não seja do aquecimento global, o clima social em Portugal afigura-se tão problemático como o clima ambiental, degradando-se, a cada mês que passa, a confiança recíproca entre os cidadãos, agravada sobretudo por razões económicas (subida do custo de vida, desemprego, extrema precariedade e flexibilidade laborais, etc.) e políticas (insensibilidade social, manutenção das condições assimétricas de distribuição de benefícios e privilégios, etc.). Ora, a recente agressão a dois juízes é uma ponta de um icebergue que faz de Portugal um Titanic iminente, tal é a crescente instabilidade social, em grande medida provocada pela incompetência do Governo, promotor de laxismos, facilitismos, negligências e impunidades nos diversos sectores de que se faz um país organizado.
Os telejornais são um desfile de confrangedoras desgraças, reagindo o poder com um pouco envergonhado assobiar para o ar. Talvez o panorama se invertesse se os insolentes agressores e violadores da ordem pública se lembrassem de descarregar o fel sobre os tubarões mandantes e, claro, estes se lembrassem de dispensar os seus robustos e omnipresentes guarda-costas. Entretanto, paga o justo pelo pecador - ou não estivesse a justiça... esmurrada!
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terça-feira, junho 24, 2008
A vergonha zimbabueana
Os factos que têm pautado o aparente processo eleitoral em curso no Zimbabué são uma prova insofismável do desconcerto persistente da ordem mundial. Perante tantos e tão flagrantes atropelos à ética democrática naquele - e noutros - países africanos, a comunidade internacional assobia para o lado e, com isso, branqueia e dá cobertura a um regime ditatorial hediondo. Abjectamente limitado nos seus movimentos e temendo pela sua vida, Morgan Tsvangirai, o líder do MDC e da oposição zimbabueana, viu-se obrigado a refugiar-se na embaixada holandesa em Harare e a renunciar à participação nas eleições, com isso materializando os intentos maquiavélicos do pérfido Robert Mugabe. Antes, Tsvangirai foi arbitrariamente detido várias vezes; muitos militantes do MDC têm sido assassinados; e Mugabe reitera com insolência que nunca sairá do poder, quaisquer que sejam os (previsíveis!) resultados eleitorais... A tudo isto, assiste-se ao cómodo silêncio e cobarde passividade da Organização da Unidade Africana, da ONU, da UE, da justiceira América de Bush (o Zimbabué não será, seguramente, rico em petróleo) e até da própria, embora inócua, CPLP - a vergonha zimbabueana não deixa de ser a vergonha da hipocrisia mundial.
África terá sido o berço da humanidade, mas nunca deixou de ser, a vários títulos, um cemitério!
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segunda-feira, junho 23, 2008
O novo velho PSD
Voltaram a baralhar-se as cartas e voltou tudo a ser como dantes, na mais fiel ressonância laranja do cavaquismo. E, ontem, no seu discurso de tomada de posse como presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite revelou ser sua ideia-chave de acção política poupar nos investimentos públicos supérfluos (claro, não revelou quais), em curso ou projectados, e centrar antes a atenção na sobrecarregada e exaurida classe média e nos mais pobres. Quem diria que esta «dama de ferro» em versão lusa se iria comover com os desfavorecidos, tendo ela, num passado ainda recente, feito do combate ao défice a razão motriz da sua praxis governativa: não só fracassou nesse desiderato como é um dos principais responsáveis do estado actual de degradação social que se vive em Portugal e de que oportunisticamente mostra um súbito lamento condoído.
Portanto, soa cinicamente a falso tudo o que agora Ferreira Leite assevera e censura, nas linhas e nas entrelinhas. E que dizer dos novos acólitos da neófita liderança, impolutos barões surgidos de uma cómoda penumbra de inactivismo, dada a proximidade de eleições e na perspectiva de o partido reocupar em breve o poder?
Mas Sócrates é um digno discípulo e sucessor da nova líder laranja, ao ponto de há meses Passos Coelho andar a solicitar-lhe que esclareça o que a distingue do PS. Ferreira Leite debita hoje a mesma retórica conveniente de Sócrates até 2005: na oposição, reivindicam os partidos do centrão, com piedade cristã, mais justiça social e equidade na repartição dos bens, que rapidamente olvidam e espezinham mal se alojam no poder, fazendo tábua rasa das preocupações sociais apregoadas na oposição.
O «socratismo», que nos vai contaminando a vida e consumindo a carteira, secou a direita, ocupando o espaço ideológico de actuação do PSD e do CDS ao desmantelar impiedosamente o Estado social. Com Sócrates ou Ferreira Leite - e demagogias de circunstância à parte -, o futuro próximo de Portugal afigura-se continuar negro: as assimetrias sociais aprofundar-se-ão (veja-se o que se passa no Trabalho, na Educação, na Saúde ou na Justiça), a proletarização da classe média consolidar-se-á e a alternativa entre pobres e ricos converter-se-á na dicotomia entre pobres e muito ricos.
Pena que PS e PSD não nos (des)governem quando estão... na oposição!
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sábado, junho 21, 2008
sexta-feira, junho 20, 2008
quinta-feira, junho 19, 2008
Portugal 2 - Alemanha 3
Acabou mais um sonho em ser campeão europeu, acordados que fomos pelo knock out alemão e falhando uma vez mais nos momentos decisivos: foi uma selecção que não funcionou, esteve sem chama e descoordenada, mesmo jogando frente a uma Alemanha desgastada fisicamente (jogaram na 2ª feira) e órfã de Frings, que precisou apenas de 26 minutos para marcar dois golos, beneficiando de uma incrível passividade defensiva lusa (que mal esteve Paulo Ferreira, batido sempre por Schweinsteigger, talvez o melhor em campo) e de perdas de bola displicentes a meio-campo. Não se aprendeu com os erros passados e recentes e os golos sofridos de cabeça na sequência de lances de bola parada repetem-se - Ricardo na baliza confirmou as fraquezas de que padece ao sair às bolas cruzadas, provando ser o elo mais fraco e não ter lugar na selecção (só as limitações técnicas e a teimosia de Scolari o justifica), o que tinha sido já premonitoriamente vaticinado por Matthäus e Schweinsteigger. A péssima primeira parte foi determinante na derrota e mesmo que o terceiro golo adversário, de Ballack, seja irregular (empurrou Paulo Ferreira), pouco se podia esperar de uma selecção que passou sofregamente o tempo a correr atrás do prejuízo.
Foi mais uma lição germânica de pragmatismo e eficácia que, a julgar pela tradição, de pouco servirá à nossa selecção em jogos futuros. Impressionou a forma como a simplicidade de processos dos jogadores alemães anulou mais uma vez o futebol excessivamente rendilhado e barroco de Portugal e explorou as nossas fraquezas. O próximo treinador do Chelsea sai próximo da porta do cavalo e duvido que os ares londrinos lhe vão ser favoráveis. Já agora, que o próximo seleccionador seja Zico ou Manuel José...
O hábito do fracasso tem a vantagem de minimizar a tristeza. Porém, há que voltar a despertar para a dura realidade: Portugal perdeu, ainda não é desta que ganha um «caneco» e... Sócrates ainda é primeiro-ministro!
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A incompetente de serviço
O plano traçado de desmantelamento da qualidade do ensino público continua a sua marcha impávida e serena. Desta vez a propaganda teve como pretexto os resultados dos alunos dos 4º e 6º anos nas provas de aferição de Matemática e Português: é impossível que, se essas provas fossem fiáveis e seguissem os critérios de outros anos lectivos, delas resultassem menos de metade das negativas e um aumento exponencial de sucesso, em apenas um ano! Quem é professor sabe que esta é mais uma mentira produzida pelo artifício dos números e sem consistência ou tradução materializada em efectivas aquisições cognitivas dos alunos. Aliás, basta consultar os dados de estudos bem mais fidedignos, como o estudo internacional PISA, para desmascarar os sofismas da retórica ministerial.
O que move a sinistra equipa liderada por Lurdes Rodrigues é subordinar vilmente a qualidade do ensino público à batalha das estatísticas, é o cego anseio de encetar uma política ávida em apresentar indicadores de sucesso, com os graves atropelos à dignidade da profissão docente e aos níveis de exigência das aprendizagens. Este é, sem dúvida, o governo das «novas oportunidades» ao desbarato e a baixo custo para todos os que precisam de qualificações não superiores.
Saberá Lurdes Rodrigues, ou os senhores Lemos e Pedreira, qual é o quadrado de 100, como se perguntava numa das provas de aferição? Já agora, porque não o triplo de 567? E como iludir a crítica da Associação de Professores de Português ao exame nacional de Língua Portuguesa do 9º ano, realizado ontem e segundo a qual continha orientações e ajudas excessivas aos alunos e com uma parte de gramática ao nível do 2º ciclo? Assim é fácil propagandear o sucesso...
Suspeito que, para o próximo ano lectivo, a incompetente ministra de serviço (infelizmente há tempo demais) se venha a lembrar de juntar em anexo as respostas e soluções às perguntas dos exames nacionais e provas de aferição, para finalmente apresentar os tão sonhados 100% de positivas, mesmo com uma escola pública apodrecida.
Com um governo e sindicatos assim, não se pode pedir chuva se não há nuvens, mas apenas lágrimas!
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terça-feira, junho 17, 2008
Mal fica ao Benfica
É degradante para a imagem internacional da credibilidade do futebol português, as reprováveis diligências do SL Benfica junto da UEFA, agora que este organismo decidiu reintegrar o FC Porto na próxima edição da Liga dos Campeões. Quer o Benfica ganhar na secretaria aquilo que não teve o mérito de conquistar no campo: o quarto lugar que a «melhor equipa benfiquista dos últimos dez anos» (Luis Filipe Vieira dixit) conseguiu dará assim tantas razões à administração do clube da águia para se pôr em bicos de pés? Não terá o FC Porto merecido com absoluta justiça desportiva o lugar que o ex-presidente do Alverca inveja?
Tão má como a prestação desportiva da equipa de futebol é a insensata prestação reivindicativa da administração - entre ambas há seguramente uma relação de concomitância e de proporcionalidade.
Houvesse tanta cobertura e pressão mediáticas nos anos anteriores a 1974 e desconfio que a suspeição que há a norte se deslocaria retroactivamente para sul, até porque se há quem não tem razões de queixa são, seguramente, os «três grandes». Enfim, mau perder é o que é!
Tão má como a prestação desportiva da equipa de futebol é a insensata prestação reivindicativa da administração - entre ambas há seguramente uma relação de concomitância e de proporcionalidade.
Houvesse tanta cobertura e pressão mediáticas nos anos anteriores a 1974 e desconfio que a suspeição que há a norte se deslocaria retroactivamente para sul, até porque se há quem não tem razões de queixa são, seguramente, os «três grandes». Enfim, mau perder é o que é!
NOTA: i) não vi o jogo de Portugal contra a Suíça (não gosto de jogos inconsequentes) porque preferi - e bem - o outro jogo do grupo em que a Turquia fez mais um épico. ii) Falhei na minha previsão do adversário dos quartos-de-final: afinal, é a Alemanha; acredito que, ao contrário do que acontece com o nervosismo e despropósito de Luis Filipe Vieira, possamos vencer.
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sexta-feira, junho 13, 2008
«Porreiro, pá!»
A Irlanda foi o único país da União Europeia a submeter a referendo o Tratado de Lisboa; só os irlandeses se pronunciaram democraticamente e não perderam essa ocasião para sensatamente votarem «não» a um Tratado que é um atentado aos direitos sociais e laborais de centenas de milhões de cidadãos. O que os conterrâneos de Joyce decidiram, fá-lo-iam também muitos outros países membros, pois não foi por acaso que a ratificação do documento já se fez em 15 estados por via parlamentar, nalguns casos violando promessas eleitorais, como é o caso português - como fica agora o foguetório do «porreiro, pá!»?
Eis uma boa ocasião e mais uma oportunidade para os directórios que impõem as suas deliberações, contra elementares preceitos de democraticidade, mostrarem se respeitam ou não a democracia. A ver vamos como vão reagir os defensores da Europa do lucro: irão, finalmente, respeitar a aspiração a uma Europa social, dos cidadãos? De Barroso, títere de interesses menos claros, acho pouco crível que isso aconteça...
Cheers!
Cheers!
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quinta-feira, junho 12, 2008
Greves traídas
Durante os últimos quatro dias, a greve dos camionistas foi um acontecimento que merece ser objecto de um sério estudo sociológico, designadamente pelo facto insólito de ter posto empregados a defender viril e ilegalmente patrões. Ou seja, foi uma greve de empresários de transportes de mercadorias contra a vontade da sua associação representativa (a ANTRAM) e que envolveu activa e maioritariamente os camionistas, cuja intervenção em terra e fora das cabines dos tractores pesados foi decisiva. No fim, e fazendo lembrar a traição da Plataforma Sindical de Professores ao empenhamento dos docentes na manifestação em Lisboa, os assalariados do volante sentiram-se traídos pelas negociações que só beneficiam, quando muito, os seus patrões - afinal, foram carne para canhão e testas de ferro de interesses que acabaram por não ser os seus, após noites mal dormidas e um atropelamento mortal de um dos seus que fazia parte de um dos célebres piquetes de grevistas. Em Portugal, começam a ser comuns as greves traídas...
Para o cidadão anónimo, há, pelo menos, dois relevantes aspectos a reter desta ocorrência: primeiro, percebeu-se a importância dos transportes terrestres de mercadorias na dinâmica económica que sustenta a sociedade de consumo (são como os glóbulos vermelhos no sistema circulatório); alguns escassos dias de paralisação e a ausência de víveres nas prateleiras, de matérias-primas para a indústria e o sector da construção, ou de combustíveis nos postos de abastecimento, põem em causa a cadeia de dependências que o automatismo da rotina esconde. Por outro lado, provou-se a impotência da autoridade do Estado, em particular das forças policiais, em dissuadir e punir comportamentos ilegais flagrantes e mediatizados: de estradas e acessos bloqueados ostensivamente, de coacção grave sobre condutores (impondo por recurso à violência a greve a não aderentes), de veículos apedrejados, de atentados contra a segurança rodoviária, entre outras ocorrências nada dignas de um Estado de direito.
Felizmente para o desnorte social vivido, para o alheamento político do governo, para os aumentos sucessivos dos combustíveis e demais desastres que nos oprimem, que há o Euro 2008 e uma prestação positiva da nossa selecção: não fosse ir para o Chelsea e seria caso para dizer «Scolari ao poder»!
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quarta-feira, junho 11, 2008
Portugal 3 - Rep. Checa 1
Mais uma vitória alcançada na segunda parte, com mais golos e perante um adversário mais difícil. Falta ainda um jogo e o primeiro lugar no grupo A e a passagem aos quartos-de-final estão já garantidos: pela quinta vez numa fase final de um Europeu e pela quinta vez Portugal passa às eliminatórias - a estada na Suíça será prolongada, pelo menos, até ao dia 19. A era Scolari na selecção das quinas fica definitivamente na história como um ciclo inédito de sucessos consecutivos, apesar de nenhum título ter sido conquistado.
Após uma primeira parte tremida e de ascendente checo (incrível como se continua a sofrer golos de cabeça na sequência de cantos, como foi o de Sionko, que restabeleceu o empate), o intervalo voltou a fazer bem à selecção e, após Deco, Ronaldo e Quaresma deram maior expressão ao marcador, em mais dois golos de classe que resultaram de jogadas de entendimento e em que Deco esteve brilhante. Mais uma vez, Parabéns à selecção!
Após uma primeira parte tremida e de ascendente checo (incrível como se continua a sofrer golos de cabeça na sequência de cantos, como foi o de Sionko, que restabeleceu o empate), o intervalo voltou a fazer bem à selecção e, após Deco, Ronaldo e Quaresma deram maior expressão ao marcador, em mais dois golos de classe que resultaram de jogadas de entendimento e em que Deco esteve brilhante. Mais uma vez, Parabéns à selecção!
Venham agora, no domingo, os suíços para cumprir calendário e olhos atentos no grupo B, de onde nos virá o adversário seguinte, provavelmente croata ou polaco.
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terça-feira, junho 10, 2008
Dia da raça
O lapsus linguae de Cavaco Silva, ao declarar ontem que o 10 de Junho é o «dia da raça», como freudiano «acto falhado» que é, denuncia que, para o actual inquilino de Belém, o tempo da outra senhora nem era assim tão mau ou opressivo... Para quem habitualmente se mostra tão reservado em emitir opinião e mede tão pausadamente as palavras de improviso que debita em público e quer fazer passar uma imagem de moderação e de ponderação, este deslize verbal é revelador de uma aquisição cultural que está aquém do conteúdo de muitos dos discursos lidos nas cerimónias oficiais - quem serão os autores dos textos lidos pelo Presidente?
Só as claras limitações retóricas e intelectuais de Cavaco Silva justificam que seja o autor da célebre asserção «nunca tenho dúvidas e raramente me engano» e dispense apenas cerca de 5 minutos do dia em leitura de jornais. Como se (ou)viu, hoje é o «dia da raça» - afinal, o homem raramente se engana e ter dúvidas é coisa pouco presidenciável!
Para quando um busto a Salazar nos jardins de Boliqueim..., perdão, de Belém?
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sábado, junho 07, 2008
Portugal 2 - Turquia 0
Depois do suado apuramento para a fase final que hoje começou, a etapa seguinte acaba de ser cumprida: vencer o primeiro jogo do Euro 2008, frente à selecção turca. Grande segunda parte, grandes golos de Pepe e de Raul Meireles, grandes assistências de Nuno Gomes e de João Moutinho, grande espírito colectivo e de entreajuda, boa capacidade de concentração, um meio-campo sólido e uma defesa consistente. Pelo meio, ainda houve tempo para dois remates ao poste da baliza e um à trave: Portugal jogou bem, ganhou e mesmo assim teve azar. Parabéns à equipa, mas cuidado com os excessos de confiança!
Venham agora os checos...
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sexta-feira, junho 06, 2008
Sócrates até quando?
Se algum mérito o governo de Sócrates tem, será seguramente o de unir milhares de portugueses descontentes em sucessivas manifestações que têm convertido a lisboeta Avenida da Liberdade num autêntico «manifestódromo»: foi assim em Março com 100.000 professores, foi assim ontem com 200.000 trabalhadores em protesto contra a proposta em agenda de revisão do Código do Trabalho e foi assim noutras ocasiões anteriores. Apesar do ineditismo da elevada mole humana em tais recentes desfiles reivindicativos, a insensibilidade social e a arrogância e autismo políticos do primeiro-ministro não o inibem de comentar que os números de manifestantes não o impressionam. É natural, depois de tanta promessa não cumprida e contrariada...
À excepção de um punhado de militantes insatisfeitos e desiludidos, só o PS e o Governo parecem estar realizados e ledos com a incompetência executiva e a fatalidade nacional de aprofundamento das assimetrias que afirmam Portugal como o país mais desigual e socialmente injusto no seio da UE. Por detrás da encenada aparência de convicção política e postura de Estado, Sócrates vai-se esboroando de conteúdo, títere que é ao serviço de interesses pouco públicos - talvez só em 2009 o «querido líder» se apercebe que é um erro de casting...
Pena que, entretanto, Portugal continue a ser um país adiado!
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